Nos últimos meses, o Itaú BBA, maior banco de investimentos do País, montou uma verdadeira operação de guerra. Equipes de diversas áreas estão sendo treinadas, clientes foram chamados para reuniões educativas e novas soluções começaram a ser desenvolvidas. Tudo isso para ajustar a sua operação à mais abrangente revolução do sistema financeiro brasileiro em décadas: o open finance.
“A partir de agora, cada um de nós precisa saber mais do cliente e da cadeia de valor dele do que do próprio banco”, diz Fábio Villa, diretor comercial do segmento Middle do Itaú BBA. “Com o open finance, eu não vou vender serviço financeiro, mas gestão financeira.”
O open finance é a evolução natural, ou o passo mais ambicioso, do open banking, que permite aos usuários de produtos e serviços financeiros compartilharem suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central.
A primeira fase do novo sistema financeiro aberto foi implementada em fevereiro passado. Desde então, a iniciativa ganhou novas possibilidades nas etapas subsequentes. A fase quatro, o open finance, deverá entrar em vigor a partir do ano que vem, e consiste no compartilhamento de dados relacionados a câmbio, seguro, investimento, previdência e conta salário, entre outros.
“O banking ficou pequeno para o tamanho do projeto”, destaca Ivo Mósca, superintendente de Open Finance & Pagamentos Instantâneos do Itaú Unibanco. “O open finance ampliará o escopo do banking, abrindo oportunidades para as instituições financeiras e seus clientes.”
Na prática, como a nova agenda pode influenciar os negócios dos clientes do Itaú BBA? Fábio Villa traz a resposta. “Com o open finance, vou customizar a informação para a atividade específica do cliente e, a partir daí, oferecer soluções para atender as suas necessidades.”
Para ressaltar seu ponto de vista, o executivo cita o exemplo de uma empresa de varejo supermercadista. A partir da captação das informações obtidas por intermédio do open finance – perfil de consumo do cliente ou potencial econômico de uma determinada região – será possível fornecer insights valiosos, como o local ideal para a abertura de uma unidade.
Ou seja: o novo sistema permitirá que instituições como o Itaú BBA auxiliem seus clientes a tomarem decisões vitais para o negócio. Trata-se, de fato, de uma revolução na forma como instituições financeiras e seus clientes se relacionam.
Villa aprofunda a questão. “Eu posso também ajudar o cliente a otimizar toda a sua cadeia de valor, evitando o desperdício de capital”, diz. “É como se o banco passasse a ser um hub de originação de negócios. No fundo, eu vou ajudar o meu cliente a vender mais”.
Isso, ressalte-se, só será possível com o livre compartilhamento de informações. “O open finance dará à pessoa jurídica a facilidade de utilizar o canal do seu banco como um grande agregador financeiro”, afirma Ivo Mósca.
As empresas estarão dispostas a abrir suas informações? Segundo os executivos do Itaú, os conglomerados, as multinacionais e as empresas de capital aberto já estão habituados a usar de forma transparente os seus dados e possuem um nível de governança que permitirá às instituições financeiras oferecerem soluções de forma bastante assertiva.
O maior desafio, portanto, concentra-se entre as médias e pequenas companhias. “Geralmente são aquelas empresas de dono, o empresário que é barriga no balcão, que está muito identificado com o business”, diz Villa. “Nesses casos, o nível de governança também está em processo de desenvolvimento. Com o open finance, esse empresário encontrará novos caminhos.”
Outra frente importante trazida pelo novo sistema financeiro aberto é a chamada iniciação de pagamentos, que permite que empresas iniciem uma transação financeira de forma independente. É a função que possibilita, por exemplo, pagamentos por redes sociais usando cartões de débito.
“A iniciação de pagamento é o complemento final para que o cliente faça a sua gestão financeira em um único canal”, afirma Ivo Mósca. “Através dela, o cliente consegue comandar contas de outras instituições em um único lugar e, assim, centralizar as suas finanças.”
Nesse contexto, corporações como o Itaú BBA, que são líderes em seu segmento de atuação, largam em vantagem. Para centralizar suas finanças, o cliente tende a escolher uma empresa conhecida, e que ofereça soluções, serviços e produtos completos em um mesmo lugar.
Villa reforça que o open finance é, na verdade, uma agenda regulatória que abre portas no mercado financeiro. O Itaú BBA, diz ele, vem há muito tempo se preparando para as transformações do setor.
Uma delas é a digitalização, que anda de braços dados com a nova realidade do open finance. “Estamos digitalizando 100% de nossa relação com o cliente, incluindo operações como assinaturas de contrato, câmbio, capital de giro, derivativos, entre outras.”
Mósca toca em outro ponto fundamental. Segundo o executivo, o open finance deverá acirrar a competição entre as instituições financeiras. “Ele traz um sistema que pode ser considerado uma commodity: todo mundo vai ter o mesmo poder”, diz. “Vai vencer o jogo quem oferecer a melhor experiência e uma gestão financeira adequada para os clientes.”
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