O Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo. Dados do IBGE mostram que milhões de pequenos negócios são abertos todos os anos – mas a maioria deles fecha as portas antes de completar cinco anos de vida.
A alta mortalidade das micro e pequenas empresas não é apenas um drama para seus fundadores. Ela representa a perda de empregos, renda, inovação e competitividade para toda a economia brasileira.
Em 2024, por exemplo, mais de 2 milhões de empresas encerraram atividades, segundo o Mapa de Empresas da Receita Federal. É nesse cenário desafiador que surge a pergunta: o que pode aumentar as chances de sobrevivência de quem decide empreender no Brasil?
Uma pesquisa inédita encomendada pelo Itaú Empresas e realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) se propôs a responder essa questão.
Os resultados do estudo “Empresas que geram valor: o impacto da relação financeira na prosperidade das PMEs” mostram que o relacionamento consultivo e estratégico com instituições financeiras pode mudar o destino de milhares de negócios.
O estudo analisou uma base de 1,7 milhão de clientes do Itaú Empresas, com faturamento anual de até R$ 60 milhões, e cruzou os dados com quatro fontes oficiais: Receita Federal, Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), IBGE e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O objetivo foi mensurar se o apoio próximo – que combina crédito estruturado, orientação estratégica e inteligência de dados – influencia, de fato, na sobrevivência, diversificação e crescimento das pequenas e médias empresas.
“Nos últimos anos, reformulamos nossa forma de atuar com base na escuta ativa dos empreendedores e na convicção de que um banco pode ser mais do que um provedor de produtos financeiros: pode ser um parceiro estratégico para o crescimento”, afirma Cadu Peyser, diretor de estratégias para PMEs do Itaú Unibanco.
“Esse modelo substitui a lógica transacional por uma lógica de parceria, em que o banco cresce junto com a empresa – e não às custas dela”, afirma o executivo.
A pesquisa revelou que ter apoio consultivo é, de fato, decisivo para a sobrevivência dos negócios. Empresas atendidas pelo Itaú Unibanco têm 30% mais chances de permanecer ativas no mercado após cinco anos quando comparadas a não clientes do banco.
O impacto, no entanto, não demora a aparecer: já no primeiro ano, a chance de sobrevivência sobe 8,6%, indicando que o acompanhamento próximo oferece fôlego imediato às empresas.
“O relacionamento não só prolonga a vida útil dos negócios, mas cria um ambiente em que empresas promissoras conseguem atravessar crises de liquidez e instabilidade que, de outra forma, poderiam ser fatais”, diz Daniel da Mata, professor da FGV e líder da pesquisa.
Mata lembra que, caso todas as PMEs do país fossem atendidas pelo mesmo modelo consultivo oferecido pelo banco, elas teriam mais fôlego para resistir e a taxa de sobrevivência subiria para 55%, enquanto hoje apenas 40% das empresas permanecem vivos após cinco anos.
“Se queremos um Brasil mais inovador, resiliente e próspero, apoiar as PMEs com inteligência e profundidade precisa estar no centro da agenda”, diz Cadu Peyser, diretor de estratégias para PMEs do Itaú Unibanco
Outro resultado expressivo é a diversificação. As empresas atendidas pelo Itaú apresentam, em média, 25% mais CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) registrados – ou seja, expandem sua gama de produtos e serviços.
Um exemplo citado pelo profissional da FGV é o de uma padaria que, além de atuar como restaurante e lanchonete, passou a investir também na produção industrial de panificação. Essa ampliação de escopo torna os negócios menos vulneráveis a choques e crises.
O estudo também apontou um efeito relevante na inserção internacional. Empresas clientes do Itaú Unibanco têm 70% mais chance de exportar e 50% mais chance de importar do que as não clientes do banco.
“Exportar exige visão de futuro, qualidade e resiliência, e a literatura econômica mostra que empresas que exportam aumentam seus lucros em 15% a 25%”, diz Da Mata.
No caso das importações, o efeito é igualmente relevante, pois garante acesso a insumos de melhor qualidade e tecnologias mais avançadas – fatores que elevam a eficiência das empresas e ajudam a reduzir custos.
A pesquisa também avaliou os impactos gerados pelo crédito oferecido pelo Itaú Empresas. O resultado impressiona: cada R$ 1 concedido em crédito gera R$ 1,56 para o PIB brasileiro.
Em cinco anos, o impacto acumulado foi de R$ 486 bilhões no PIB, mais de 6 milhões de empregos assegurados, R$ 227 bilhões em renda das famílias e R$ 156 bilhões em arrecadação tributária.
“O crédito bem utilizado é um combustível para expandir a capacidade do cliente e passa a ser um instrumento de desenvolvimento”, afirma Peyser. Para o diretor do Itaú Unibanco, o estudo evidencia que o modelo consultivo deve permanecer como eixo central da relação com as PMEs.
A lógica de parceria já se desdobrou em novos movimentos, como o lançamento do Itaú EMPs, voltado para micro e pequenas empresas em estágio inicial. A proposta é escalar o atendimento consultivo também para esse público, com soluções digitais e custo adequado.
“Se queremos um Brasil mais inovador, resiliente e próspero, apoiar as PMEs com inteligência e profundidade precisa estar no centro da agenda”, diz Peyser. “E os resultados mostram que isso é possível, mensurável e já está acontecendo.”