Poucos conglomerados empresariais estão tão presentes no dia a dia dos brasileiros quanto a Itaúsa. A afirmação não é nem um pouco exagerada: a holding chega, por intermédio dos seus acionistas, a 93% dos 5.568 municípios do país.

Seu portfólio é composto por gigantes como Itaú Unibanco (setor financeiro), Alpargatas (moda e lifestyle), Dexco (construção civil), Aegea (saneamento), Copa Energia (energia), NTS (infraestrutura de gasodutos) e CCR (mobilidade).

“Mais do que empresas nas quais investimos, elas são, na verdade, grandes plataformas de crescimento”, disse Alfredo Setubal, CEO da holding, durante o Panorama Itaúsa 2022, evento realizado em 1º de dezembro, com os presidentes de todas as investidas da Itaúsa.

Entre muitos outros temas, os executivos debateram os cenários e desafios econômicos, as perspectivas para 2023 e as oportunidades de negócios em um mundo em permanente transformação.

Um dos principais temas apresentados no encontro foi a estratégia de holding para escolher o destino dos seus investimentos. Afinal, como escolher ativos em um universo tão abrangente de empresas e segmentos?

“Procuramos companhias que são líderes em seus setores de atuação, que tenham marcas relevantes e sócios alinhados com os nossos valores”, disse Setubal.

A agenda ESG – e a capacidade da investida para gerar impacto nesse quesito – é um dos valores avaliados nas decisões de investimento.

A Itaúsa também procura investir em companhias que apresentem o que ela chama de “avenida de crescimento.” Ou seja, a holding não busca retornos no curto prazo, mas aqueles que sejam sustentáveis por longos períodos de tempo.

“Procuramos companhias que são líderes em seus setores de atuação, que tenham marcas relevantes e sócios alinhados com os nossos valores”, disse Setubal

A estratégia tem funcionado. A Itaúsa conseguiu marcas recordes em lucro líquido recorrente em 2021 e no acumulado dos nove meses de 2022, o que a coloca em posição de destaque no mercado acionário brasileiro.

Apenas no terceiro trimestre de 2022, a holding pagou R$ 500 milhões de juros sobre o capital próprio. Seu valor de mercado atual supera R$ 86 bilhões.

Um de seus diferenciais, diz Setubal, é participar ativamente da gestão. “Queremos ser um agente de mudanças nessas companhias”, afirmou.

Segundo ele, a Itaúsa ajuda na definição de estratégias de negócios, nas diretrizes que serão tomadas e na definição de prioridades.

Ressalte-se que a holding possui mais de 60 assentos nos órgãos de governança das empresas investidas, o que dá a dimensão de seu horizonte de influência. Não há decisão de investimento, mudança de foco ou novos projetos que não passem pelo crivo da holding.

Da esq. à dir., a apresentadora Juliana Rosa; o CEO interino da CCR Waldo Perez; o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho; o CEO da Aegea, Radamés Casseb; e o CEO da Itaúsa, Alfredo Setubal

A agenda ESG é um aspecto a ser considerado nas atividades das empresas investidas. Nesse campo, Setubal apresentou uma novidade durante o Panorama Itaúsa 2022. Trata-se da criação do Instituto Itaúsa, que apoiará iniciativas na área da sustentabilidade.

O projeto nasce com objetivo de destinar, a partir de 2025, R$ 50 milhões por ano para a iniciativa.

No painel “Transformando o Futuro Juntos”, os presidentes das investidas também tiveram a oportunidade de fazer um balanço de 2022 e apresentar os cenários de oportunidades para 2023.

Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, destacou a expansão do crédito como um dos destaques da atuação do banco, que possuiu cerca de R$ 1,2 trilhão em sua carteira.

Outros pontos importantes foram o incremento da atuação digital do Itaú e migração de seus sistemas para nuvem, iniciativas que conferem maior agilidade e dinamismo para o banco.

Maluhy falou também sobre como a agenda ESG tem permeado toda a atuação do banco. “Para nós, essa é uma pauta que vai muito além da narrativa”, disse. Ele lembrou que a presença de mulheres e pessoas negras em funções de liderança vem crescendo sistematicamente nos últimos trimestres.

Radamés Casseb, CEO da empresa de saneamento Aegea, apontou o papel vital da companhia para desenvolvimento do país. “Nós temos um olhar especial para a inclusão de vulneráveis”, disse o executivo.

Ainda assim, há muito por fazer – são 100 milhões de pessoas sem acesso a esgoto tratado país, conforme dados apresentados pelo executivo. Ou seja, existem muitas oportunidades a serem capturadas – é exatamente o que a Itaúsa chama de avenida de crescimento.

O mesmo mote está por trás do investimento feito pela holding na CCR, que se consolidou como a maior plataforma de mobilidade do país. Desde 2021, lembrou Waldo Perez, CEO interino da CCR, a empresa ganhou três concessões aeroportuárias que trouxeram dezesseis novos aeroportos para o seu portfólio.

Na área rodoviária, as perspectivas são igualmente promissoras. “Só em rodovias, serão R$ 130 bilhões em investimentos a serem licitados”, disse Perez. A empresa definiu um plano ambicioso de investimentos. “Estamos falando de, aproximadamente, R$ 35 bilhões nos próximos sete a dez anos”, afirmou o executivo.

A participação do CEO da Alpargatas, Roberto Funari, reforçou a diversidade do portfólio da Itaúsa. Ele lembrou que a empresa dona da marca Havaianas construiu em Campo Grande, na Paraíba, um centro de inovação para o desenvolvimento de projetos inéditos capazes de abastecer o mercado global.

“Além disso, estamos realizando investimentos estruturais. Construímos o maior centro de distribuição da indústria de calçados do Brasil”, lembrou Funari.

A ampliação dos aportes no Brasil também faz parte das prioridades da Dexco. Segundo o CEO Antonio Joaquim de Olivera, a empresa está investindo R$ 2,5 bilhões para aumentar a capacidade de produção e modernizar suas fábricas.

O último executivo a se apresentar foi Caio Turqueto, CEO da Copa Energia, dona da Copagaz e da Liquigás. O executivo destacou a agenda ESG da empresa, uma das primeiras do setor a assinar compromissos sustentáveis.

A companhia está em vias de se tornar uma plataforma de energia, com grande potencial de crescimento – foi exatamente isso que a Itaúsa enxergou ao investir na empresa. Uma das metas é, a partir do ano que vem, se consolidar como a maior empresa de distribuição de GLP no Brasil.

Os exemplos apresentados acima mostram como a Itaúsa é onipresente no país. Se a pessoa busca financiamento imobiliário, pode recorrer ao Itaú. Para itens de moda, há opções no portfólio da Alpargatas. Na reforma da casa, a Dexco conta com marcas como Deca, Portinari e Duratex.

Qualquer brasileiro que utilize metrô, trem, rodovias e aeroportos para seus deslocamentos em algum momento usufruiu dos serviços prestados pela CCR. Na área de energia, a Copa controla marcas como Copagaz e Liquigás, que estão presentes na rotina de milhões de pessoas, enquanto a NTS transporta gás natural por meio de seus gasodutos.

No saneamento, a Aegea, por intermédio da Águas do Rio e Águas de Manaus, leva água tratada para um número cada vez maior de clientes.

Juntas, as integrantes do portfólio da Itaúsa geram 152 mil empregos diretos. “Se forem consideradas apenas as companhias não financeiras, elas investiram R$ 18 bilhões nos últimos anos”, destacou Setubal.

A holding possui 920 mil acionistas – portanto, um em cada quatro investidores da B3 investe no conglomerado. Não há dúvida: a holding é mesmo onipresente na vida dos brasileiros.