O relatório mais recente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) sobre o futuro do setor é alarmante. O sumário do documento dá o recado: “Se as tendências atuais dos drivers que afetam os sistemas agroalimentares não mudarem, a sustentabilidade estará seriamente ameaçada e as crises alimentares provavelmente aumentarão”. Consciente do desafio, a Marfrig, uma das maiores empresas de carne bovina do mundo e líder global na produção de hambúrgueres, é pioneira na corrida por uma pecuária sustentável.
A iniciativa mais recente da companhia nesta direção aconteceu em Londres, na Chatham House Sustainability Accelerator, instituição que desde 1920 promove análises, debates e trocas de ideias para a construção de um mundo mais próspero e seguro. A diretora-executiva da organização e membro do Comitê de Sustentabilidade da Marfrig, Ana Yang, liderou uma mesa-redonda com diversos stakeholders do ecossistema da pecuária.
Participaram do debate Luiz Amaral, CEO da Science Based Targets initiative (SBTi), Walter Baethgen, pesquisador sênior da Climate School da Columbia University, Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e co-chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU, Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), e Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Marfrig.
Na abertura do evento, Marcella Molina, integrante do Comitê de Sustentabilidade da companhia, destacou os resultados do Programa Marfrig Verde+, lançado em julho de 2020 para tornar a cadeia de fornecimento mais sustentável e livre de desmatamento (saiba abaixo).
“Precisamos produzir, conservar e incluir. Isso é essencial para atingirmos o que o consumidor do amanhã quer que façamos. A Marfrig é reconhecida como a empresa de carne bovina número um em termos de sustentabilidade, no Brasil e no mundo”, afirmou Marcella.
Aos 20 anos, a executiva atua na empresa fundada por seu pai, Marcos Molina, e se compromete a “continuar todo o trabalho árduo que a Marfrig vem fazendo na área da sustentabilidade e tratar das questões da mudança climática para conciliar produção de alimentos com proteção da natureza”.
Desafio coletivo
A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira destacou que o desenvolvimento sustentável vai além da agropecuária. “Precisamos de uma nova linguagem, de uma nova maneira de dialogar, não impondo as coisas, mas, construindo-as com base na realidade para termos soluções que considerem as dificuldades dos países e das sociedades”, disse Izabella.
À frente do SBTi, iniciativa internacional que mobiliza empresas para desenvolverem metas de redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) com base na ciência, Amaral destacou que “precisamos mudar a maneira como os negócios, as empresas, pensam. Não é uma corrida de 500 metros, mas sim uma maratona”.
Ele lembrou também que a discussão sobre a emissão de gases de efeito estufa não pode ficar limitada à pecuária, porque a queima de combustíveis fósseis é a principal responsável pelo aquecimento global. Walter Baethgen, da Universidade de Columbia, concordou com Amaral. Segundo o acadêmico, “75% das emissões ainda vêm de combustíveis fósseis”.
Urgência nacional
A rastreabilidade foi tema de extrema relevância no encontro. A diretora-executiva da Chatham House, Ana Yang, defendeu a prioridade na implantação de um sistema rígido de rastreabilidade no Brasil e a transparência na informação de onde está a produção de gado. “Acreditamos que a melhor maneira de fazer isso é disponibilizar a GTA (Guia de Trânsito Animal) a todos”, disse a executiva.
Para Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Marfrig, o Brasil tem condições de adotar um sistema eficaz de monitoramento com o uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e de dados de movimentação de animais. “Com essa combinação, poderemos implantar um sistema bastante robusto". Pianez falou também da importância de criar políticas públicas de rastreabilidade. “Estamos em diálogo com o governo e acreditamos que podemos ser agentes positivos nesse setor”.
Jorge Viana, presidente da Apex, ratificou a importância da criação de políticas públicas. “O Brasil precisa construir uma narrativa comum envolvendo empresas, produtores e governo, para ser parte da solução, para que possamos pôr um freio na mudança climática”, disse.
As iniciativas socioambientais da Marfrig começaram em âmbito nacional em 2005, quando a companhia assinou o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, e internacional em 2009, quando a empresa passou a ser a primeira do setor de alimentos, no mundo, a assumir um compromisso público com o Greenpeace para fortalecer o controle do fornecimento de gado.
1.000 dias do Marfrig Verde+
Desde que foi lançado, em 2020, o programa Marfrig Verde+, recebeu 100 milhões de dólares de investimento. Conheça alguns números da iniciativa:
* Reinserção de 3.036 fazendas como fornecedoras, após voltarem a operar em conformidade com os compromissos socioambientais da companhia. Essas propriedades abateram quase 900 mil animais no período.
* Diferentes tipos de tecnologias monitoram 100% das propriedades fornecedoras diretas de todo o país. Entre os fornecedores indiretos, o controle, é de 80% dos localizados na Amazônia e 74% dos situados no Cerrado.
* Reinclusão dos pecuaristas viabilizada por suportes técnicos da equipe do programa Marfrig Club e por assessoria jurídica incentivando os produtores a adotarem boas práticas.
* Convite da Harvard Business School como case Agribusiness Seminar para evento de sustentabilidade.
* Melhores posições em rankings, índices, listas e relatórios considerados referência na avaliação de políticas e práticas ESG no mundo como no Coller FAIRR Protein Producer Index 2022
* Destaque em rankings globais de bem-estar animal, segurança hídrica e mudanças climáticas. Permanece, pelo terceiro ano consecutivo, nas carteiras do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) e do ICO2 (Índice Carbono Eficiente), ambos da B3, bolsa de valores brasileira.