Nos últimos anos, a inteligência artificial se tornou um marco na rotina corporativa, reformulando a forma como as empresas operam e se relacionam com seus públicos. Muitas empresas, porém, instalaram a tecnologia por modismo, o que não mexeu com os ponteiros de seus clientes.
Outras, como é o caso da consultoria brasileira de tecnologia Meta, resolveram adotar um caminho diferente. A empresa testou, mediu e ajustou essas tecnologias dentro de casa, fazendo da própria operação um laboratório contínuo, redesenhando processos e dinâmicas de trabalho com base em dados antes oferecer as soluções para os clientes.
O movimento começou em 2019, quando o conselho da empresa alertou que a transformação digital observada em setores tradicionais atingiria também o mercado de tecnologia. “Percebemos que a disrupção que estava transformando nossos clientes chegaria ao nosso próprio segmento”, afirma o Telmo Costa, CEO e fundador da Meta, que está completando 35 anos.
Para medir o tamanho do desafio, executivos da empresa deixaram o Brasil rumo a polos globais de inovação – do Vale do Silício a ecossistemas emergentes na Ásia e na Europa. Voltaram com a mesma convicção: o modelo tradicional já não bastava e a reinvenção da própria companhia seria inevitável.
A partir daí, a Meta passou a adotar a inteligência artificial como alicerce de sua transformação interna. A IA passou a orientar decisões, organizar fluxos de trabalho e definir prioridades. Essa mudança preparou o terreno para a etapa seguinte.
O caminho escolhido pela companhia foi dar forma a quatro jornadas estratégicas – do colaborador, do cliente, de eficiência operacional e de transformação –, todas orientadas pela IA como instrumento para melhorar entregas e resultados.
O primeiro movimento ocorreu na jornada do colaborador. Antes fragmentado, já que a empresa opera de forma remota com colaboradores em 350 cidades de mais de 20 países, o ciclo de vida das pessoas dentro da empresa passou a ser acompanhado por uma plataforma própria que reúne informações desde o recrutamento até o desligamento.
Com dados integrados e monitoramento contínuo do clima organizacional – feito a partir de pesquisas internas – a empresa reduziu o turnover voluntário em 35%.
A maior retenção gerou uma economia de 16% na folha mensal, o que é reflexo direto da redução de custos com reposições e onboarding. Já o NPS de acolhimento nos primeiros 30 dias alcançou expressivos 89 pontos.
Na jornada do cliente, a Meta repetiu a lógica que já guiava sua operação interna. Ao integrar seus processos ao CRM Salesforce, a empresa ampliou a sua capacidade de responder às demandas comerciais.
Costa resume a diferença com uma comparação direta: hoje um plano de ação que levava até três meses é estruturado em apenas duas horas. Nesse percurso, lembra o CEO, o NPS da empresa alcançou 75 pontos, e o relacionamento com os clientes passou a ter mais fluidez.
A evolução não ficou no discurso: o portfólio de serviços foi modernizado, e os squads tradicionais foram transformados em unidades mais inteligentes, com IA incorporada ao trabalho.
Segundo Costa, a mudança reflete um modelo em que a tecnologia deixa de ser apenas um rótulo para se tornar parte real da entrega, percebida na experiência e nos resultados gerados aos clientes.
“Nós conseguimos identificar oportunidades de evolução do cliente e levar soluções de forma proativa”, diz o executivo. Entre os clientes atendidos estão gigantes como Gerdau e Rede Globo.
A terceira etapa tratou da eficiência operacional. Ao automatizar processos internos e redesenhar fluxos de trabalho, a Meta rompeu a lógica tradicional das empresas do setor de serviços, nas quais o faturamento cresce apenas quando o número de colaboradores aumenta.
Com operações no Brasil, nos Estados Unidos, no Canadá e, mais recentemente, em Xangai, na China – onde chegou há três meses –, a empresa ampliou sua capacidade global mantendo equipes mais enxutas e conectadas por sistemas inteligentes. Atualmente, mantém uma base ativa de 200 clientes, distribuídos por 14 países e atendidos por cerca de 2,6 mil colaboradores.
A jornada transformacional, por sua vez, reúne iniciativas de inovação aberta e desenvolvimento de novos produtos. A Meta Ventures, braço de corporate venture capital da empresa, aproxima a companhia de startups e tecnologias emergentes, criando um ambiente para testar ideias e acelerar modelos de negócio.
Para o CEO, esse processo dialoga com o futuro do trabalho. “A inteligência artificial não é inimiga de ninguém”, diz. “O ser humano é inimigo dele mesmo quando não muda, não aprende e não evolui.”
Ao completar 35 anos em 2025, a Meta chega a este novo ciclo com a mesma lógica que marcou sua trajetória desde o início: crescer com consistência, validar internamente tecnologias antes de levá-las ao mercado e fazer da inovação um caminho sem volta para seus clientes.