No início de 2023, a brasileira nstech, mais completo ecossistema de tecnologia para logística e mobilidade do mundo, lançará uma ambiciosa iniciativa.
A empresa planeja colocar no ar uma plataforma que permitirá o acesso a todas as soluções desenvolvidas não apenas por ela própria, mas também por terceiros.
Trata-se, em suma, daquilo que o mercado chama de plataforma aberta (“open logistics”). Ela reunirá uma infinidade de produtos e serviços que estarão acessíveis no mesmo lugar, previamente integrados.
Não existem projetos com tamanha amplitude no mercado brasileiro e, até onde se sabe, no mundo. A plataforma será uma autêntica one-stop-shop de logística, oferecendo quase tudo que o setor precisa para ser mais eficiente.
“Queremos resolver as dores dos principais elos da cadeia”, diz Vasco Oliveira, fundador da nstech. “O mercado de logística é muito fragmentado e às vezes é preciso falar com 15 empresas diferentes para resolver as dores de uma única persona do ecossistema. Vamos funcionar como um grande hub integrador.”
A falta de integração aumenta burocracias, gera custos desnecessários e consome tempo das empresas. Ou seja, elas perdem agilidade em um mercado que se caracteriza pela competição feroz e pelas cobranças dos consumidores, que exigem rapidez e preços acessíveis.
A nstech possui mais de 100 soluções para todos os entes da cadeia de logística e mobilidade – embarcadores, operadores logísticos, transportadores, motoristas, seguradores e corretores, entre outros players desse ecossistema.
Com a nova plataforma, novas soluções – inclusive de terceiros, ressalte-se mais uma vez – serão incorporadas, reforçando um portfólio de produtos e serviços que já se consolidou como o maior da América Latina e o mais completo do mundo.
A plataforma será lançada ao longo de 2023 em sete diferentes módulos. Em um primeiro momento, o mercado terá acesso a um portal com informações completas sobre tudo que está inserido naquele ambiente.
Digamos que uma empresa queira saber mais sobre um software de gestão de transportes. Como esses programas são complexos, ela não vai comprá-lo no ambiente online, mas poderá extrair no portal todas as informações a respeito do produto.
O segundo módulo, que deverá chegar ao mercado no primeiro trimestre de 2023, consiste na introdução da chamada Plataforma de Integração como Serviço (IPaaS), que conecta softwares e sistemas através de protocolos padrões e APIs com toda a segurança e governança exigida por grandes players.
Na sequência, o terceiro módulo traz soluções voltadas para a área de dados. O sistema automatiza, por exemplo, todas as informações dos motoristas. Se for preciso contratar um novo profissional, a documentação dele já está pronta, devidamente checada e acoplada na plataforma.
O marketplace de produtos é a quarta vertente da plataforma. Nele, as transportadoras poderão cotar preços – de pneus a óleos lubrificantes, entre outros itens – e fechar o negócio no mesmo ambiente.
A plataforma trará também um braço de conteúdo que permitirá a contratação e venda de cursos ligados ao universo da logística, o que certamente contribuirá para a evolução do setor no país.
O sexto módulo é a fintech propriamente dita. Atualmente, a nstech já possui um TPV (total payment volume) de mais de R$ 2 bilhões ano, conta digital para pessoas físicas, mas uma nova conta para pessoas jurídicas será plugada na plataforma, além de outros produtos financeiros.
O propósito da plataforma é justamente esse: integrar, no mesmo local, tudo o que a nstech já oferece, trazer produtos novos – sejam eles próprios ou de terceiros – e alimentar o ecossistema permanentemente, sempre focada nas dores dos clientes.
Por fim, o sétimo e último módulo será destinada a desenvolvedores. “Se você é um desenvolvedor que fez um produto novo, poderá ir à plataforma e plugá-lo em nosso ecossistema, que se encarregará de comercializá-lo”, diz Oliveira.
Por ser única no mercado, a plataforma será fundamental para tornar a cadeia logística mais competitiva. Atualmente o Brasil possui um grande gap de eficiência quando comparado aos países mais desenvolvidos.
Por ser única no mercado, a plataforma será fundamental para tornar a cadeia logística mais competitiva
Segundo Vasco Oliveira, nenhuma país possui plataforma sequer parecida, com tamanha abrangência. O projeto será vital para o IPO, que provavelmente ocorrerá no exterior, a partir de 2024.
Embora muito jovem – foi criada há apenas 2 anos pela Niche Partners, que faz parte da Tarpon, com investimento da sueca Greenbridge – a nstech tem no currículo um histórico de bons serviços prestados. “A empresa tem sido vital para tornar a nossa operação mais eficiente”, diz Luciano Alves, diretor de logística da Marfrig.
A nstech fornece à Marfrig vários produtos integrados – software de monitoramento de entregas, controle de temperatura de veículos, definição de rotas e sistemas de pagamentos de fretes, entre outros – que trouxeram resultados inquestionáveis.
“Hoje, entrego 97% dos pedidos exatamente na hora combinada com o cliente. Antes, o índice era de 82%”, diz Alves. “Nossa taxa de sinistralidade caiu 60%, o que permitiu uma economia, só de seguros, de R$ 12 milhões.”
A nstech cresce em ritmo veloz. A empresa deverá encerrar 2022 com faturamento de R$ 650 milhões, um acréscimo de quase 100% sobre o ano passado.
A empresa possui 60 mil clientes, dos quais 50 mil são transportadores, e 2 milhões de caminhoneiros cadastrados em sua base, em um mercado potencial de 2,4 milhões. Suas soluções são usadas em 140 milhões de fretes todos os meses.
A logística é um tema cada vez mais central no cotidiano das empresas. Os últimos dois anos reforçaram a importância do setor: acontecimentos como a pandemia e a Guerra na Ucrânia afetaram a cadeia de suprimentos, obrigando as empresas a buscar maneiras de se tornarem mais eficientes.
Nesse cenário, a tecnologia exerce papel vital – é ela que simplifica processos e agiliza as operações. “Nossas soluções são desenvolvidas com tecnologia própria e de terceiros”, diz Eduardo Steinberg, sócio da Greenbridge e conselheiro executivo da nstech.
Tantas soluções foram criadas por um time de 700 pessoas que trabalham na área de P&D. Ou seja, muitas inovações ainda estão por vir.