Para pedir comida ou chamar um carro de aplicativo, fazer compras de mercado ou pagar serviços em geral, o cartão de crédito está cada vez mais presente no dia a dia dos brasileiros, só perdendo para o Pix como meio de pagamento preferido da população¹.

Dados internos do Nubank indicam que, no último mês de abril, seus clientes no Brasil usaram seu cartão de crédito principalmente para arcar com gastos de supermercado (14,8%), serviços (13,9%) - como streaming, por exemplo -, transporte (12,1%) e itens para a casa (11,2%).

A contribuição do cartão de crédito para a economia e o poder de compra das pessoas é comprovada pelos números: somente em 2023, o segmento movimentou R$ 2,4 trilhões em mais de 17,8 bilhões de transações², o que equivale, em média, a quase 50 milhões de operações realizadas a cada dia no Brasil. Para se ter uma ideia, o valor total transacionado corresponde a 22% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, financiando 35% do consumo das famílias brasileiras no período.

Esta alta representatividade reflete a crescente penetração de cartões de crédito na população adulta brasileira, que atingiu o patamar próximo de 50% em 2022, um forte aumento em relação em comparação com os cerca de 30% em 2017³.

Ainda assim, existe grande potencial de crescimento considerando a fatia de adultos que possuíam ao menos um cartão de crédito em países desenvolvidos (59%) em 2021, com destaques para o Japão (70%), Estados Unidos (66%) e Reino Unido (62%), entre outros⁴.

Se por um lado é evidente o papel que o cartão de crédito desempenha ao facilitar o acesso das pessoas aos mais diferentes bens e serviços, por outro é possível afirmar que sua utilização não é, ao contrário do que se pode imaginar, a grande responsável pelas dívidas da população.

Isso porque, no Brasil, a grande maioria das operações de cartão de crédito (75%) é livre de qualquer incidência de juros, enquanto em outros mercados, como México e Estados Unidos, essa parcela é de somente 25% a 30% do total de transações⁵.

"Desta forma, no Brasil, o cartão de crédito acaba sendo muito mais usado como um mecanismo transacional, ou seja, um meio para pagar compras e despesas, e menos propriamente como um veículo de crédito, em que o consumidor toma recursos "emprestados" e paga juros sobre o valor original", afirma Jeremy Selesner, líder da área de cartões do Nubank.

Prova disso é que as modalidades de crédito do cartão (parcelado com juros e rotativo) representam apenas 3,6% do crédito total utilizado por pessoas físicas no Brasil.

Juros sob controle

Mesmo com a baixa proporção em relação ao total das operações de cartão de crédito e ao endividamento das famílias, o uso do rotativo poderia colocar as pessoas numa situação de "bola de neve", com a cobrança de juros sobre juros, caso o pagamento não fosse feito ao longo do tempo.

Para endereçar essa questão, desde janeiro deste ano, entrou em vigor uma regra do Conselho Monetário Nacional (CMN) que instituiu um teto para os juros cobrados nas modalidades de rotativo e de parcelamento de faturas dos cartões de crédito.

"Isso significa que qualquer dívida de cartão adquirida a partir de janeiro só poderá chegar, no máximo, ao dobro do seu valor original - ou seja, todas as multas e encargos só podem chegar, somadas, a 100% do valor devido inicialmente", diz Selesner.

Para monitorar a aplicação dessa nova regra, o Banco Central criou em março deste ano um novo índice, que reúne informações sobre 15 instituições financeiras, incluindo o Nubank. Na tabela, é possível acompanhar, a cada mês, o percentual acumulado de juros e encargos em relação à dívida original.

Os dados mais recentes do Banco Central mostram que o acumulado de juros e encargos de janeiro a abril ficou abaixo de 13,98% para mais da metade dos usuários e não superou 65,15% do valor da dívida original para praticamente nenhum usuário.

Ao longo do tempo, mesmo com a cobrança de juros sobre juros, será possível verificar pelo indicador que os juros e encargos nunca ultrapassarão a marca de 100%, limite estabelecido pela nova regra. Em outras palavras, isso significa que taxas da ordem de 400% ao ano, que faziam a bola de neve do cartão de crédito não parar de crescer, não são mais uma realidade.

"Ainda assim, é preciso ter em mente que a renegociação é sempre o melhor caminho para evitar juros. O uso do rotativo e do parcelamento é emergencial, e o Nubank, assim como outras instituições, oferece condições e descontos de negociação para clientes nessa situação", completa Selesner.

¹Levantamento da Federação Brasileira de Bancos - Febraban - referente a 2023, a partir do cruzamento de dados da Abecs e do Banco Central do Brasil

²Dados da Associação Brasileira de Cartões e Serviços (Abecs)

³Dados do Banco Central do Brasil

⁴Dados do Findex / Banco Mundial

⁵Banco Central do Brasil, Banxico, Nau Securities e Federal Reserve