Nos primeiros meses de 2021, o Brasil foi palco de um aumento expressivo de ataques cibernéticos e fraudes digitais. Segundo estudo realizado pela empresa americana Fortinet, o País sofreu 3,2 bilhões de ações desse tipo só no primeiro trimestre de 2021, um recorde histórico que o coloca na liderança do ranking da América Latina.
Os estragos só não foram maiores graças à adoção de tecnologias capazes de combater crimes como esses. Empresas como Magazine Luiza, Vivo, Pernambucanas, C6Bank, Banco Original e B2W, para citar algumas, conseguiram evitar muitas ações criminosas com uma ajuda de peso.
E o que todas elas têm em comum é o uso de tecnologias desenvolvidas pela unico, IDTech brasileira especializada em soluções de proteção digital como biometria facial e assinatura eletrônica de documentos.
Apenas no primeiro semestre de 2021, a unico barrou mais de 900 mil ações criminosas contra consumidores no Brasil, identificando uma fraude a cada 12 segundos. Em valores monetários, a IDTech evitou R$ 22 bilhões em prejuízos para as empresas que utilizam os seus produtos.
Ações como essas têm levado a unico a alcançar os melhores resultados de sua história. Desde o início do ano, a empresa conquistou, em média, um cliente novo a cada dia útil. Em qualquer ramo de atividade, trata-se de um feito e tanto. “Estamos trabalhando muito forte para o crescimento contínuo da empresa”, diz Paulo de Alencastro Júnior, cofundador e vice-presidente de Projetos e Relação com Investidor.
O número é ainda mais marcante considerando que os clientes são pesos-pesados do universo corporativo brasileiro. Entre eles estão os maiores bancos, fintechs, grandes varejistas, gigantes do comércio eletrônico, indústrias e empresas de telecom. No total, a unico já tem no portfólio mais de 600 companhias que contrataram os seus serviços.
Fundada em 2007 como Acesso Digital, a empresa é fruto do sonho dos empreendedores Diego Martins e Paulo Alencastro, que almejavam criar uma empresa nacional capaz de ser referência em tecnologia, exatamente como eram Google, Facebook e Microsoft.
Apenas no primeiro semestre de 2021, a unico barrou mais de 900 mil ações criminosas contra consumidores no Brasil, identificando uma fraude a cada 12 segundos
No início, a empresa era especializada em digitalizar documentos e levá-los para a nuvem. Em 2016, após uma visita à Estônia, o país mais digital do mundo, os sócios decidiram que era hora de investir em tecnologias de identidade digital. Foi a largada para uma verdadeira revolução.
Em dezembro de 2020, a Acesso Digital mudou de nome. Para os fundadores, a nova marca deveria ser simples e universal e ressaltar de imediato que se trata de uma companhia com características singulares, sem igual. Nasceu assim a unico (em letras minúsculas e sem acento).
A startup tem conquistado resultados que são, de fato, únicos. Nos últimos doze meses, o número de funcionários saltou de 180 para 600, mas a ideia é seguir avançando. Até o final de 2021, novas contratações serão feitas – e isso, ressalte-se, em um ambiente macroeconômico marcado por empregos escassos.
A empresa tem reforçado o time com a contratação de profissionais que possuem larga experiência na área de tecnologia. Recentemente, anunciou a chegada de Marcelo Quintella (ex-Google) como VP de Produto, além de Igor Ripoll (ex-Salesforce e Microsoft) como VP de Vendas e Customer Success.
A idtech conta ainda com a CMO Gabriela Onofre (ex-J&J e P&G) e a VP de Engenharia Fernanda Weiden (ex-Google e Facebook) – as mulheres são 50% dos times e das lideranças. No Conselho de Administração está Nelson Mattos, ex-VP mundial do Google.
Nos últimos doze meses, o número de funcionários da unico saltou de 180 para 600
O que explica o crescimento tão veloz da empresa? A unico criou soluções e ferramentas que atendem às profundas mudanças na sociedade nos últimos anos. Como não poderia deixar de ser, o mundo e o Brasil se tornaram mais digitais, mas esse movimento acabaria ganhando tração a partir de 2020.
“A pandemia estimulou novos hábitos que exigiram rápida adequação das empresas”, afirma Guilherme Cervieri, vice-presidente de fusões e aquisições da unico. “Nossos produtos estavam prontos para suportar o aumento da demanda.”
A unico trabalha em duas frentes principais de negócios. A primeira delas é o “unico | check”, que consiste em soluções de biometria facial para proteger a identidade das pessoas em transações presenciais ou online.
Segundo especialistas, a biometria facial é uma das formas mais seguras de autenticação. Ela considera 48 medidas da face e tem assertividade de 99,98%. “Em termos de faturamento, essa linha triplica a cada ano”, destaca Cervieri.
O segundo produto é o “unico | people”, ferramenta criada especialmente para os RHs das empresas e que permite a contratação de um funcionário em poucas horas sem que o candidato tenha que sair de casa. Lançado há três anos, o produto é um marco da empresa. “Até hoje, fomos responsáveis por cerca de meio milhão de admissões em todo o país”, diz Cervieri.
O unico | people tem, também, o módulo de assinatura eletrônica de documentos. Por exemplo: para assinar um holerite ou recibo de férias, basta realizar a autenticação remota. Desde o início da pandemia, o uso dessa solução cresceu 80x entre os clientes da unico e cerca de 2 milhões de documentos já foram assinados.
Diante da amplitude de produtos e serviços, boa parte dos brasileiros teve em algum momento de suas vidas contato com as ferramentas criadas pela unico. Atualmente, a empresa autentica, em média, 17 milhões de pessoas por mês – é quase 10% da população do País. Um ano atrás, o número estava em torno de 2,4 milhões. Como resultado, a unico triplicou o faturamento nos primeiros cinco meses de 2021.
A empresa cresceu com recursos próprios até o início de 2020, quando embolsou R$ 40 milhões do fundo e.bricks ventures (hoje Igah). Capitalizada, decidiu ir às compras. A primeira aquisição foi a Meerkat, empresa de Porto Alegre que desenvolve algoritmos para reconhecimento facial.
A unico recebeu um aporte de R$ 580 milhões do Softbank e da General Atlantic
Em setembro de 2020, veio uma mudança notável de patamar: a unico recebeu R$ 580 milhões dos fundos de investimentos Softbank e General Atlantic, o que a colocou definitivamente no time das grandes startups brasileiras.
As aquisições prosseguiram. Em maio, a unico comprou a startup Vianuvem, especializada em ferramentas que permitem a concessionárias vender carros online. “Mas não vamos parar por aí”, adianta o cofundador Paulo de Alencastro Júnior. “Estamos de olho em oportunidades.”
Antes dos aportes feitos pelos fundos de investimentos, a antiga Acesso Digital havia incorporado em 2017 a Arkivus, empresa que oferece soluções biométricas para o varejo. Isso explica a importância das captações. Em um período de um ano, a IDTech comprou mais empresas do que na última década.
A unico tem planos ambiciosos. Um deles é se tornar uma marca global de tecnologia, a exemplo do que fizeram as empresas nascidas no Vale do Silício. Como se vê, os primeiros passos para alcançar essa meta já foram dados.