Na década de 60, o matemático americano Woodrow Bledsoe teve uma ideia brilhante: e se uma máquina fosse capaz de reconhecer as pessoas pelas características de suas faces?
Durante anos, Bledsoe fez experimentos com scanners rudimentares até que um computador conseguiu, enfim, identificar um indivíduo específico pela linha do cabelo, formato dos olhos e nariz. Estava oficialmente criado o reconhecimento facial.
A invenção demorou décadas para emplacar, tornando-se uma ferramenta amplamente adotada apenas a partir do século 21. Agora, a identidade digital, conceito que inclui toda forma de reconhecimento de uma pessoa ou empresa através de dispositivos tecnológicos, com o devido consentimento, prepara-se para desencadear uma verdadeira revolução.
Entre muitos outros benefícios, a identificação digital torna as operações virtuais mais seguras, melhora a eficiência do mercado de trabalho, economiza tempo em diversas atividades, facilita as transações financeiras e, acima de tudo, aumenta a relação de confiança entre pessoas e empresas.
“Estamos definitivamente ingressando em uma nova era”, resume Thiago Diogo, diretor de tecnologia da idtech unico, especializada em soluções de identidade digital como biometria facial e assinatura eletrônica de documentos.
A unico trabalha com duas frentes principais de negócios: o “unico | check”, modalidade que abrange as soluções de biometria facial para proteger a identidade das pessoas em transações presenciais ou online, e o “unico | people”, ferramenta que permite a contratação de um funcionário a distância e a assinatura eletrônica de documentos.
E como essas soluções de identidade digital são aplicadas no dia a dia? No varejo, elas são indispensáveis para a efetivação de pagamentos. No mercado financeiro, ajudam na abertura de contas em bancos digitais e aprovação de crediário. No comércio eletrônico, autenticam transações online. É praticamente certo que os leitores deste texto realizaram em algum momento operações desse tipo.
“Nós estamos presentes nas transações entre pessoas e empresas”, diz Diogo. “Ou seja, toda vez que é preciso ter uma troca de confiança entre as partes, é aí que a unico aparece”.
A identidade digital avançou muito nos últimos anos, mas a jornada apenas começou. À medida que a sociedade se direciona para uma economia digital, surgem novas demandas que, por sua vez, exigirão uma identificação mais eficiente e segura.
“O conceito de identidade digital tem evoluído de forma muito rápida”, diz Yasodara Cordova, privacy researcher da unico
“O conceito de identidade digital tem evoluído de forma muito rápida”, diz Yasodara Cordova, privacy researcher da unico. “Há 10 anos, por exemplo, pouco se falava em criptografia, e agora esse tema se tornou indispensável.”
Recém-contratada pela unico, Yaso, como é conhecida, trabalhou na Digital Kennedy School, ligada à Universidade Harvard, e foi consultora técnica da Organização das Nações Unidas (ONU). “Na unico, a minha missão será olhar para o futuro”, avisa.
Para projetar o futuro, é preciso estudar o passado e conhecer as boas práticas do presente. No mundo, países como Suécia, Índia e Estônia desenvolveram iniciativas que se tornaram referência no campo da identidade digital.
Na Suécia, um projeto criado pelos bancos, o Bank ID, tornou-se um documento eletrônico pessoal comparável ao passaporte e à carteira de motorista. Na Índia, o programa Aadhaar é o maior sistema de identificação biométrica do mundo. Ele proporciona várias aplicações, incluindo abertura de contas bancárias, registro de imposto de renda e pedido de serviços sociais, entre outros.
O sistema mais conhecido é o da Estônia, cujo modelo de identificação digital, o e-ID, é usado por 98% dos habitantes. Ele funciona para quase tudo: seguro de saúde nacional, login em contas bancárias, votação online, verificação de registros médicos e declaração de impostos. Como resultado, a Estônia reduziu as esferas burocráticas e alcançou resultados econômicos expressivos.
No Brasil, a unico está focada em desenvolver um ecossistema de identidade digital capaz de conectar pessoas e empresas com mais segurança e transparência, alavancando a inovação de produtos e serviços no país, mas colocando no centro a experiência e a soberania das pessoas e a autonomia sobre seus dados.
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