A Universidade Federal do Paraná (UFPR) iniciou em outubro um projeto inédito no Brasil. Com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação, a instituição pretende desenvolver novas formas de identificação digital, conceito que consiste no reconhecimento de uma pessoa por meio de dispositivos tecnológicos.
A iniciativa é fruto de um modelo de parceria amplamente adotado nos países mais inovadores do mundo, mas ainda pouco usual no mercado brasileiro: a união de forças entre a academia e empresas privadas.
O programa da UFPR será realizado com o apoio da unico, IDTech brasileira especializada em soluções de identidade digital como biometria facial e assinatura eletrônica de documentos.
“A participação da universidade em projetos como esse encurta caminhos e acelera a inovação”, afirma Ariovaldo Carmona, diretor de Engenharia da unico. “Para nós, representa uma grande oportunidade para aprofundar pesquisas e chegar a novos produtos.”
O namoro entre a unico e a Federal do Paraná começou no final do ano passado. O contrato, que terá duração de 3 anos, foi assinado no segundo semestre de 2021 e as pesquisas começaram de fato há algumas semanas.
A parceria inclui bolsa para alunos e professores, reforma do laboratório da universidade e aquisição de servidores e desktops e o investimento total foi de R$ 1 milhão para os três anos de pesquisa.
“É um projeto de vanguarda”, resume David Menotti, professor do Departamento de Informática da UFPR e líder do programa. “Para os alunos, participar de uma pesquisa de ponta junto da iniciativa privada abre inúmeras perspectivas.”
Por enquanto, foram escolhidos três estudantes de graduação e outros três de pós-graduação estão em processo seletivo. A cada três meses, a universidade se compromete a enviar relatórios dos avanços das pesquisas, mas a unico participa ativamente das etapas do processo.
“A participação da universidade em projetos como esse encurta caminhos e acelera a inovação”, afirma Ariovaldo Carmona, diretor de Engenharia da unico
O acordo prevê três frentes principais de estudos. A primeira delas, e que tem sido tratada como prioridade, é a chamada biometria periocular. A ambição é que a tecnologia permita autenticar a identidade de uma pessoa analisando apenas a região ocular.
“Não estamos falando da íris, mas de toda a região em volta dos olhos”, explica o professor Menotti. O sistema poderá representar um avanço em relação ao modelo atual de biometria facial. Com ele, pessoas com máscaras – o que se tornou o novo normal durante a pandemia – serão, por exemplo, identificadas sem a remoção da proteção.
Outro projeto de interesse da unico, e que está no horizonte de trabalho da UFPR, é o que os especialistas chamam de “vivacidade de imagem.” Em linhas gerais, a tecnologia assegura que uma pessoa que aparece na frente da tela é ela mesma, evitando assim adulterações feitas por programas como photoshop ou outras artimanhas usadas por fraudadores.
A terceira frente de pesquisa busca aperfeiçoar tecnologias já existentes, como o Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR), que faz a leitura e a identificação de documentos. “A ideia é ir além do reconhecimento OCR, tornando esse modelo ainda mais seguro”, diz Menotti.
Ao fazer parcerias desse tipo, a unico abre as suas portas para ideias vindas de fora, e passa a contar com o apoio de pesquisadores que estão atentos às novas fronteiras do conhecimento.
“Apostamos em diversas frentes para acelerar a inovação na empresa”, diz Ariovaldo Carmona. Além de parcerias acadêmicas, a unico tem investido em aquisições.
No início de agosto, engordou o caixa com um aporte Série C de R$ 625 milhões, e boa parte desses recursos será destinada para a compra de startups que tragam valor – e inovação – para dentro da empresa.
Na última semana, a unico anunciou a aquisição da SkillHub, startup de benefícios em educação e uma das 100 mais promissoras da América Latina. Esta é a sexta aquisição da história da unico e a terceira em 2021.
Neste ano, todos os movimentos tiveram o objetivo de diversificar os segmentos em que a empresa atua: com a ViaNuvem, entrou no mercado de compra e venda de veículos, enquanto com a CredDefense, passou a atender as áreas de logística, locadoras de veículos e educação. Com essas movimentações, a IDTech mira a criação de um amplo ecossistema de identidade digital para os brasileiros.
O sistema poderá representar um avanço em relação ao modelo atual de biometria facial. Com ele, pessoas com máscaras – o que se tornou o novo normal durante a pandemia – serão, por exemplo, identificadas sem a remoção da proteção
Como não poderia deixar de ser, o desenvolvimento de tecnologias proprietárias também é uma das missões da companhia. Para isso, a unico conta com um time de engenharia formado por 200 profissionais.
O contingente irá dobrar no ano que vem com a contratação de outros 200 colaboradores, principalmente engenheiros de softwares e especialistas em data science e data analytics.
A unico quer ser protagonista da revolução trazida pela identidade digital. Por isso, tecnologias e sistemas desenvolvidos em outros países também estão na mira da empresa. Há alguns dias, um time de especialistas da unico viajou à Estônia, principal referência mundial em identificação digital. A ideia é fazer um mergulho nas inovações que transformaram o país.
Há ótimos projetos em andamento em outros países, como na Suécia, com o seu imenso banco de dados chamado Bank ID, e na Índia, que possui um sistema de identificação por íris que já está consolidado no país.
A identidade digital avança em ritmo veloz. No Brasil, a unico tem se firmado como a empresa mais inovadora do setor. Nesse contexto, a parceria com a Universidade Federal do Parará certamente trará mais frutos.