Em meio às preocupações com a situação fiscal dos Estados Unidos, Ray Dalio está defendendo uma dura prescrição de medidas para colocar as contas em ordem.

Apelidado de a “solução dos 3%”, o receituário proposto pelo cofundador da Bridgewater Associates, um dos maiores hedge funds do mundo, com cerca de US$ 100 bilhões em ativos sob gestão (AuM, na sigla em inglês), pretende trazer o déficit de 7% para 3% do PIB.

Isso só pode acontecer se o governo americano puxar “três alavancas” – cortar gastos, aumentar as receitas e reduzir os juros. “A solução dos 3% é bastante prática”, disse ele ao jornal The New York Times. “Ela funcionou diversas vezes em muitos lugares, como nos Estados Unidos entre 1991 e 1998.”

As três alavancas precisam ser puxadas juntas, e para isso é preciso apoio político, algo que Washington tem visto com pouca frequência nos últimos anos. Seja para cortar gastos, seja para elevar impostos.

Dalio afirmou que, em conversas com políticos dos partidos Republicano e Democrata, percebeu que há consciência a respeito do perigo de não reduzir o déficit, mas falta união para resolver a situação.

“Parece que estamos num barco que está indo em direção às pedras e todos concordam que o barco vai bater se o rumo não for mudado, mas todos estão ocupados demais discutindo sobre para qual direção virar”, disse.

Para ele, infelizmente, os políticos americanos só levarão a situação a sério e começar a agir quando o país enfrentar uma crise de endividamento “e tudo que vem com ela”.

A situação fiscal dos Estados Unidos é tema há tempos das falas de Dalio, que inclusive está lançando no mês que vem um livro a respeito, chamado How Countries Go Broke (Como os países vão à falência, em tradução livre), com algumas cópias já circulando por Washington e entre investidores em Nova York, segundo o NYT.

No começo do ano, ele divulgou uma parte em suas redes sociais, oferecendo um diagnóstico nada animador não apenas aos Estados Unidos, como para a economia mundial.

Dalio observa que “praticamente todos os casos de níveis elevados e crescentes de dívida resultam em crises quando os montantes devidos se tornam altos demais para serem pagos”.

Segundo ele, sinais de alerta costumam surgir antes do colapso. Um deles é a deterioração da relação entre dívida e receita, frequentemente associada ao PIB. Dalio explica que a dívida do governo americano atualmente equivale a 580% e, caso a tendência persista, deve alcançar 730% em dez anos.

Antes disso, em maio do ano passado, Dalio afirmou que o impacto da dívida pública dos Estados Unidos nos títulos do Tesouro pode levar investidores a buscarem mercados estrangeiros, encarecendo ainda mais o custo da dívida.