Negociado na casa dos R$ 5,40, o dólar caminha para encerrar o ano com a maior queda desde 2016. Maior fraqueza global da moeda americana e taxas de juros elevadas impulsionaram o preço do real neste ano. Mas 2026 deverá ser menos favorável para o câmbio brasileiro, segundo a equipe do UBS.
Pelas projeções do banco suíço, o real deverá se manter em R$ 5,40 ao longo do primeiro trimestre, sustentado pelo patamar ainda elevado da taxa de juros, mas subir para R$ 5,50 até o fim de 2026.
“A volatilidade do real segue baixa, o que torna o diferencial de carry em relação à volatilidade o mais atrativo entre os pares”, diz Luciano Telo, CIO Brasil do UBS, em relatório.
O banco pontua, no entanto, que os riscos fiscais devem aumentar nos próximos 12 meses, enquanto a política monetária passa por um ciclo de afrouxamento, fatores que tendem a desvalorizar o real.
Na parte fiscal, o UBS ainda vê o cenário como “preocupante, embora acredite que a meta de 2026 será cumprida”. Na LDO aprovada semana passada em Comissão Mista de Orçamento, está previsto um superávit de 0,25% do PIB, com uma banda de tolerância de 0,25 ponto percentual.
Com forte crescimento da relação dívida/PIB em um ambiente de déficit nominal próximo dos máximos históricos, o cenário eleitoral será determinante para o controle orçamentário e, consequentemente, para a moeda brasileira. “Para o real, a postura do candidato líder em relação à responsabilidade fiscal será fundamental”, escreve Telo, no relatório.
Maior diversificação global, com maior fluxo para mercados emergentes contribuíram para a queda do dólar no Brasil. Mas, diante da maior incerteza eleitoral, para Telo, "apenas um cenário global favorável já não será suficiente".
Segundo o CIO do UBS, a manutenção de gastos elevados com juros altos para conter o superaquecimento da economia é insustentável.
Não é novidade que a Faria Lima segue à espera de uma candidatura de oposição para a corrida presidencial. Mas as pesquisas mais recentes ainda mostram um leve favoritismo à continuidade do governo atual.
Dependendo das propostas econômicas, diz Telo, a tendência positiva no câmbio até pode se prolongar. “Mas essa é uma definição que ocorrerá apenas em 2026.”
Do lado monetário, o banco estima que os cortes de juros terão início apenas entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo. A expectativa do UBS é de que até o fim de 2025, a Selic caia de 15% para 12%.
Tanto para a Selic quanto para o dólar, as projeções do UBS estão bem próximas das expressas no boletim Focus, que tem câmbio a R$ 5,50 e Selic a 12,25% para o fim do ano que vem. Para o PIB, no entanto, o banco está um pouco mais otimista, com crescimento de 2% previsto para 2026 contra 1,8% do mercado.