O Brasil está entrando em um ano mais difícil, que aponta para um crescimento menor do que foi observado em 2023 e 2024, e com uma taxa básica de juros muito maior, com a perspectiva de encerrar o ano próxima da casa de 15%.

Esse contexto, recheado de incertezas e de outros indicadores pouco favoráveis, traz, a princípio, diversos sinais de alerta para o País. Mas há quem enxergue que há alternativas disponíveis para uma reviravolta.

“Estamos entrando em um ano que vai machucar o crescimento, mas não vamos ficar tão cabisbaixos”, disse Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, em evento que está sendo promovido pelo banco nesta quarta-feira, 12 de fevereiro.

“Não é difícil consertar”, afirmou. “Mas temos que dar os sinais adequados, controlando o crescimento do gasto público e fazendo um ajuste fiscal muito mais profundo. E, infelizmente, hoje ainda falta essa mensagem.”

Se a falta de indicações por parte do governo federal e da equipe econômica é, na visão de Almeida, o principal entrave à frente, o ex-secretário do Tesouro Nacional buscou ressaltar essa sua mensagem positiva ao comparar o panorama atual com outro momento recente vivido pelo País.

“Não estamos em um cenário de recessão”, disse. “O que o Brasil passará esse ano e em 2026 é muito diferente do que vivemos em 2015 e 2016, quando tivemos dois anos seguidos de queda do PIB, o que não é comum na história do País.”

Em outros paralelos com a crise vivida há dez anos, Almeida ressaltou que, naquela época, além das questões macroeconômicas, havia problemas setoriais muito graves, como nos casos da Petrobras e dos segmentos de energia e do mercado imobiliário.

“Hoje, não temos nada disso. A Petrobras é uma empresa forte, com uma boa geração de caixa, há grandes investimentos em infraestrutura via concessões e o mercado imobiliário vem de bons três, quatro anos”, observou. “Não há desorganização setorial.”

Almeida destacou ainda que tudo o que o Brasil fez nos últimos dez anos está se refletindo agora na economia. E voltou a alertar: “Se dermos os sinais corretos, a melhora do Brasil seria muito rápida.”