A deflação de 0,68% em julho, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 9 de agosto, é a menor taxa observada desde o início da série histórica em 1980. O mercado esperava queda mensal de 0,66%. Em 12 meses, a inflação declinou de 11,89% para 10,07%.

Esse resultado, combinado à mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que avaliará, em sua próxima reunião, a necessidade de um ajuste residual da Selic, reforça a percepção de que o Banco Central (BC) encerrou o ciclo de aperto monetário.

No encontro da semana passada, a Selic foi elevada para 13,75% ao ano. Desde março de 2021, quando começou o atual ciclo de alta de juro, a Selic subiu 1.175 pontos percentuais.

A ata do Copom, publicada nesta terça-feira, 9 de agosto, reitera que o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e que, devido “às defasagens longas e variáveis da política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente”.

Esse impacto deve ficar mais claro nos indicadores de atividade referentes ao segundo semestre, diz o documento. Entretanto, o Copom lembra que “medidas de sustentação da demanda agregada, que serão implementadas no curto prazo, devem dificultar uma avaliação mais precisa sobre o estágio do ciclo econômico e dos impactos da política monetária”.

A ata do Copom também alerta que as políticas temporárias de apoio à renda devem trazer estímulo à demanda agregada e que o prolongamento de tais políticas pode “elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação porque pressionam a demanda e pioram a trajetória fiscal”.

Lembrando que as projeções de inflação do cenário de referência utilizado para tomar suas decisões já incorpora os efeitos das medidas recentes (redução de impostos sobre combustíveis), o comitê informa que as projeções para a inflação situam-se em 6,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,7% para 2024.

As projeções de inflação no cenário do Copom sofreram ajustes semelhantes aos promovidos pelos analistas de mercado. A estimativa de IPCA para este ano recuou, enquanto a projeção para 2023 avançou. Na ata do Copom referente a junho, a inflação esperada para 2022 era de 8,8% e, para 2023, de 4%.

O cenário inflacionário global segue desafiador, segundo o comitê que identificou um aumento da probabilidade de cenários alternativos que incorporam uma desaceleração mais pronunciada da atividade global.

A ata reconhece, porém, que contribuem para a moderação das pressões inflacionárias nas principais economias “a normalização incipiente mas cadeias de suprimentos e a acomodação nos preços das commodities, além da recomposição de estoques de produtos industrializados”.

Por outro lado, pesa contra a inflação o grau de ociosidade do mercado de trabalho nas economias avançadas que podem fazer com que as pressões de preços em serviços demorem a se dissipar.