Ninguém lava carro alugado! Por isso, na liderança, um dos maiores desafios é gerar engajamento do time, aquele nível de comprometimento nas ações, que se estende para a missão e provoca o famoso orgulho de pertencer. Muito difícil, mas viável. Envolve ter as pessoas certas, uma liderança humilde, obstinação pela execução, recompensas justas, reconhecimento pela autoria e uma visão que se transforma num sonho coletivo.

Daí nasce um dos maiores comportamentos essenciais que um profissional pode ter, a dor de dono, expressão que ouvi do querido e admirado Pedro Mandelli, e que melhor expressa a vontade de pertencer. Vamos por parte.

Começando pelas pessoas certas. Se você quer que seu time faça muito mais do que o esperado e não se conforme com apenas entregar metas, mais importante do que ter os melhores é ter os certos. Já falei sobre isto no passado, mas vale o reforço. Tudo começa pelas pessoas, sempre. Primeiro as pessoas, depois os desafios, as metas, os problemas. E somente pessoas do bem vão trazer para o negócio o senso de propriedade.

Para ter as pessoas certas é fundamental ter o líder. A pessoa que tem a força gravitacional, que faz com que o time entregue a vida pela obra, que gera uma visão de futuro em que todos se veem e querem estar. Que compartilhe o sucesso e construa a obra estando no meio da confusão. Líderes assim existem, muitos, mas talvez sejam mais difíceis de encontrar justamente porque estão misturados com o time, não sentados num Olimpo distribuindo pancadas e tarefas.

E para atrair um líder assim, é preciso uma missão de valor. Aquela história a ser construída por uma crença única, coisa que o dinheiro não compra. As empresas escolhem seus gestores, mas grandes gestores também escolhem as empresas. Só trabalham para causas e negócios que acreditam, por isso se sentem proprietários. Amam seus projetos e sofrem com a dor de dono pelos mínimos detalhes.

Se não tem dor de dono, não tem dono. Se não tem dono, não tem futuro. É um presente para os concorrentes. Conhece algum lugar assim? Fique longe

Pois este cara é o primeiro a compartilhar os resultados, criando ou incentivando modelos de remuneração e reconhecimento que levem todos a se sentirem sócios. Mas isso não basta, o que é fundamental para a criação do senso de pertencer, a dor de dono, em todo o time é a criação de uma visão compartilhada. Aquela coisa de todos se sentirem sonhadores, autores e construtores de uma obra significante. Daquelas coisas que falamos com orgulho e emoção, sempre!

Nesse ambiente, a execução é fácil, sai como música. Performance espetacular, caso de estudo, sem dor, como só a dor de dono pode promover. E mais, olhando de fora parece que tudo é fácil, mas a razão é simples. Todo mundo esta trabalhando feliz, e quem gosta do que faz não precisa trabalhar.

Se não tem dor de dono, não tem dono. Se não tem dono, não tem futuro. É um presente para os concorrentes. Conhece algum lugar assim? Fique longe. Mas se você conhece um lugar em que, do estagiário ao CEO, todos dão a vida pelo sucesso, faça de tudo para entrar nesta empresa. Você vai se sentir o dono do negócio. Vai participar de tudo com prazer, da faxina até a estratégia. E terá a maior recompensa de uma carreira, a responsabilidade e a motivação de ser o dono do melhor negócio do mundo: a empresa aonde você trabalha.

*Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

Siga o NeoFeed nas redes sociais. Estamos no Facebook, no LinkedIn, no Twitter e no Instagram. Assista aos nossos vídeos no canal do YouTube e assine a nossa newsletter para receber notícias diariamente.