Há uma história budista que adoro e reproduzo aqui. Dois monges estavam viajando juntos e, durante uma chuva forte, encontraram uma mulher, linda, usando um quimono de seda. Ela estava com dificuldade para atravessar um trecho enlameado.

Venha - disse o primeiro monge para a mulher e carregou-a nos braços até um ponto seco.

Prosseguindo a jornada, o segundo monge não disse nada, mas quando não conseguiu mais se conter, explodiu:

Nós, monges, não devemos chegar perto das mulheres. Por que você fez isso?

Eu deixei a mulher lá atrás - respondeu o primeiro monge - por que você ainda a está carregando?

Essa história nos remete ao quanto sofremos carregando pensamentos que dirigem a nossa vida. Há uma frase da educadora emocional Flavia Melissa que traduz fielmente esse ponto: “As coisas não são como as coisas são: elas são como você é.”

Todos os líderes têm fraquezas e cometem erros, mas o bom líder aprende a reconhecer isso. E muda o olhar, sempre que necessário. Vamos lá, você pode ir abrindo seus dedos da mão para começar a ver outro mundo.

Dedo mínimo. Em vez de dizer “não”, comece a dizer “como?”. Você é líder, não é juiz. Questione, provoque, estimule novos pensamentos e ações. Aceite a diversidade e valorize o novo olhar em vez de ficar dando sentenças a todas as sugestões que chegam.

Dedo anular. Tenha paciência e valorize os erros e as tentativas. O ideal é ver como as mães estimulam seus filhos a andar. Elas não repreendem cada passo em falso ou cada queda. Em vez disso, incentivam cada nova tentativa com o coração em festa e um sorriso de confiança estampado no rosto.

Dedo médio. Ensinar é aprender o novo. Quase tudo que você aprendeu vale para sempre, mas quase todo o modelo de aprendizado que você teve está ultrapassado. Ou você acha que ainda dá para ensinar alguém a ler usando artifícios como “Eva viu a uva”?. Nesse ponto, o óbvio é que seu conteúdo pode ter valor, mas é na forma que você vai ficando obsoleto e nem percebe. Não importa a idade, renove-se!

Todos os líderes têm fraquezas e cometem erros, mas o bom líder aprende a reconhecer isso. E muda o olhar, sempre que necessário

Agora, o indicador. Se você não joga junto, você não tem mais lugar no time. “O sinal de um grande jogador não é o quanto ele pontua pessoalmente, mas o quanto ele melhora a atuação do time”, um ensinamento perfeito do lendário treinador de basquete Red Holzman. Em outras palavras, um jogador que tornou a equipe grande é melhor do que um grande jogador.

Seu polegar, por fim. “Sua mão fechada se torna um ponto, mas aberta se torna o infinito”. Essa vem da Sutra Sagrada da Seicho-No-Ie, mostrando que é com a mão aberta que se conquista o mundo e você se torna muito mais forte.

Agora, mantenha sua mão aberta. Ela vai abrir sua mente e o seu coração. E o universo, em gratidão, se abrirá para você. Lembre sempre que o segredo do jogo é a cooperação. “O que é certo” é muito mais importante do que “quem está certo”.

Melhor encerrar com mais uma lição da monja Coen: “Não veja apenas o lado sombrio. Veja a luz, pois sem ela nem a sombra existiria.”

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

Siga o NeoFeed nas redes sociais. Estamos no Facebook, no LinkedIn, no Twitter e no Instagram. Assista aos nossos vídeos no canal do YouTube e assine a nossa newsletter para receber notícias diariamente.