Recentemente escrevi sobre ambição, um forte motor motivacional. Hoje vamos dar um passo atrás para reforçar o ponto.

O ser humano tem sempre duas motivações essenciais, sobreviver e ter prazer. Lendo Eugenio Mussak aprendi que tudo o que fazemos tem essas motivações de sustentação. Vejamos dois exemplos básicos.

Comemos para sobreviver, para não sofrer de fome. Mas nascemos com a capacidade de saborear, distinguindo alimentos que nos dão mais prazer, usando isso como uma motivação a mais para a alimentação, fonte da nossa energia. Na prática somos todos gourmets e amamos associar a nossa sobrevivência ao sabor do que mais gostamos.

Fazemos sexo para sobreviver, neste caso como espécie. Mas para não haver risco de não procriarmos, colocando em perigo a perpetuidade da humanidade, o sexo traz estímulos prazerosos muito fortes. Assim como na alimentação, associamos a sobrevivência ao prazer aqui também.

Agora olhe para sua empresa e pergunte por que as pessoas estão lá trabalhando. É fácil supor que, se não houver salários Justos, as pessoas não estarão na empresa, pois não terão condições de sobreviver. Mas isso não garante adesão e o algo a mais que todos buscamos, o prazer.

A sua empresa tem que ter algo de erótico, de alegria, satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. Sabemos que nossa insatisfação é latente, queremos sempre mais e mais. Se não houver investimentos em carreira, desenvolvimento, benefícios, PLR, ambiente seguro e confortável, não teremos os melhores.

Mas nem mesmo isso se sustenta se não houver prazer. Sabe as coisas que o dinheiro não compra? Essas coisas existem na sua empresa?

“A sua empresa tem que ter algo de erótico, de alegria, satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”

A alegria de conviver, aquela coisa de encontrar gente bacana, de bem, confiável. Ninguém sai na segunda de manhã feliz para encontrar hostilidade. Se minha tribo não é legal, fui!

O compartilhamento dos méritos, pois não existe time de uma pessoa só. Bernardinho diz que todos os esportes são coletivos, até os individuais. Claro que não existe trabalho individual nas organizações.

A valorização do indivíduo, respeitando a diversidade, os pensamentos e a vida privada. A empresa não contrata produtos, planilhas, sistemas... A empresa contrata gente. E gente é para brilhar, como diz a bela canção de Caetano.

Um significado maior para a sociedade, a organização gerando valor para o mundo, tendo seus funcionários e líderes a serviço do bem e dos outros. O lucro fundamental para a sustentação, mas não como propósito único da existência dos negócios.

E mais, sabe a criatividade? Nasce da sobrevivência e do prazer também. A sua empresa valoriza a intuição e a percepção? Regis McKenna escreveu: “quando você transforma a percepção em estatística, rouba a riqueza da percepção.”

E confiar na intuição assusta as pessoas, mas a intuição só vem para quem tem alegria e compromisso no coração. Eu sempre digo que intuição é o indivíduo que dorme com a pergunta. E você só gosta de dormir com o que dá prazer, não é mesmo?

As pessoas adoram estar nas organizações que possuem um senso de identidade e propósito. Quer ser feliz no trabalho? Preste atenção também nas coisas que o dinheiro não compra, pois o prazer não tem preço.

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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