Um jovem príncipe foi enviado pelo pai para aprender com um grande mestre chinês a se tornar um bom líder.

Como primeira tarefa, o mestre o fez passar um ano sozinho na floresta. Quando o príncipe retornou, o mestre lhe pediu que descrevesse o que tinha ouvido, e ele respondeu.

- Ouvi o canto dos cucos, o farfalhar das folhas, o zumbido dos beija-flores, o chilrear dos grilos, o zumbido das abelhas e o sussurro do vento.

Quando o príncipe terminou seu relato, o mestre o mandou de volta à floresta para que ouvisse o que mais poderia ser ouvido. O príncipe sentou-se sozinho por alguns dias e algumas noites, matutando aquilo que o mestre solicitara. Até que certa manhã ouviu alguns sons inaudíveis que até então não tinha percebido. Então ele retornou e disse ao mestre.

- Procurei escutar de maneira mais aguçada e acabei ouvindo o inaudível... O som das flores se abrindo, o som do sol aquecendo a terra e o som da relva bebendo o orvalho da manhã.

O mestre, então, disse satisfeito.

- Ouvir o inaudível é a disciplina necessária para ser um bom líder. Pois somente ouvindo atentamente o coração das pessoas, os sentimentos incomunicáveis, as dores não expressadas e as reclamações mudas, o líder passa a inspirar confiança, a entender quando alguma coisa está errada e a conhecer as verdadeiras necessidades dos liderados.

Fantástico! Ouvir o inaudível é o dom necessário ao grupo, não apenas ao líder. No futebol todo mundo nota e anota quem faz o gol. Mas o que interessa, o inaudível, é o passe que leva ao passe e que leva ao passe e que leva ao gol.

Vale o mesmo na hora de fechar um negócio. Quantos processos e pessoas estão por trás de uma meta batida? O bom líder valoriza e reconhece cada “inaudível” do negócio, pois a venda é o gol proveniente do passe que levou ao passe e que levou ao passe.

Não existe uma simples “eureka”, uma vez que toda descoberta ou insight nasce de pequenos e consecutivos momentos interligados

Da mesma forma que não existe uma simples “eureka”, uma vez que toda descoberta ou insight nasce de pequenos e consecutivos momentos interligados. Na verdade, gosto de dizer, intuição é o indivíduo que dorme com a pergunta. É o príncipe voltando para a floresta a fim de ouvir o inaudível. Sabia que tinha algo novo a ser ouvido, não sabia o que era, mas já estava com o zumbido na cabeça.

Por isso que o líder amado é o que escuta bonito, não o que fala bonito. Quando você está na sala de reunião, você está ouvindo o que não está sendo dito? Seria interessante sair sempre com um zumbido na cabeça, pois sempre você tem o inaudível para tentar entender. Sempre! Mas as vezes você fala tanto que nem ouve que certos silêncios são retumbantes.

Atenção, muita atenção, um inaudível preciosíssimo é a sorte. Acrescente este zumbido na sua cabeça em todos os momentos da sua liderança. Veja a história abaixo.

Após a morte de um de seus grandes generais, Napoleão Bonaparte mandou um de seus oficiais sair à procura de um substituto. Algumas semanas depois o oficial retornou e descreveu o perfil de um homem que seria o candidato perfeito devido ao seu enorme conhecimento de táticas militares e seu brilhantismo como gestor. Quando o oficial terminou, Napoleão o encarou e disse:

- Isso é tudo muito bom, mas ele tem sorte?

Pegue seus conhecimentos, acrescente uma boa pitada de sorte e ouça sempre o inaudível, você se tornará um grande líder!

Registro fundamental. Este artigo foi “sugado” e inspirado no maravilhoso livro Onze Anéis - A Alma do Sucesso, de Phil Jackson, o técnico recordista de campeonatos da história da NBA. Outro bom livro para ouvir o inaudível é A Estratégia do Oceano Azul, de W. Chan Kim e Renée Mauborgne.

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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