Expert em viagens de alto padrão, a Teresa Perez Tours passou recentemente por uma reestruturação. Faz parte do TP Group, que agora conta com seis braços de negócios, uma espécie de “pequeno conglomerado de turismo”.
A joia da coroa é a recém-lançada Oiá Casa Lençóis. Situada nos Lençóis Maranhenses (MA), a hospedaria, como preferem chamar, é a primeira propriedade da investida dos Perez no segmento de hospitalidade.
O projeto é capitaneado por Tomás Perez e sua mulher, a designer de interiores Marina Linhares, e parece traduzir, da moda para a hotelaria, o conceito de quiet luxury – uma proposta ao mesmo tempo sofisticada e simples.
A Casa fica em Santo Amaro, a 250 km de São Luís, e tem apenas cinco suítes. Na construção principal, já existente, há uma suíte de 26 metros quadrados na parte superior; embaixo, ficam a cozinha, uma área de convivência com sala e um grande terraço. A poucos metros, foram erguidos dois bangalôs, com duas suítes de 31 m² cada.
A criação da marca Oiá não deixa de reverberar a maior procura do viajante brasileiro pelo turismo interno, impulsionado pela pandemia. “Ele se firmou e está cada vez mais forte”, diz Perez, ao NeoFeed. “A gente nunca foi de vender destinos no Brasil, o portfólio era muito pequeno. Tem gente que acha até estranho a gente investir agora justamente no país.”
A escolha pelos Lençóis Maranhenses, por sua vez, “espelha o DNA da Teresa Perez Tours”, uma agência sinônimo de exploração de lugares remotos, como Antártica e Ártico, de hospedagens em desertos ao redor do mundo, de safáris e destinos pouco comuns no mercado de alto padrão, como a Etiópia. Entre os pacotes com valores mais altos estão as navegações de volta ao mundo – a partir de US$ 55 mil – e a expedição à Antártica – começando em US$ 45 mil.
A Casa Lençóis foi implantada numa área de 52,5 mil m² de vegetação natural, na antiga Fazenda Boca da Ilha. De São Luís a Santo Amaro, os hóspedes podem ir de transfer, uma viagem que dura até 4 horas. A alta temporada é de julho a outubro – abril e maio são os meses de chuvas intensas na região, e a Casa fecha para manutenções.
As diárias variam de R$ 7,8 mil a R$ 12,1 mil, e a estadia mínima recomendada é de três noites. As tarifas incluem todas as experiências, da gastronomia aos passeios. O TP Group não revela as cifras do investimento.
Turismo regenerativo
Para conceituar a hospitalidade da Casa Lençóis, em especial as experiências oferecidas aos hóspedes, Perez e Linhares tiveram a consultoria do francês Thierry Teyssier, proprietário do hotel marroquino Dar Ahlam.
Foi Teyssier quem apresentou a propriedade nos Lençóis Maranhenses a Perez, depois que, em 2019, o hôtelier levou ao lugar o 700 mil horas, seu projeto de hospitalidade itinerante.
Após a criação da marca Oiá e da Casa Lençóis, Teyssier convidou o chef francês Cedric Nieuviarts para orientar a gastronomia da hospedaria, com ingredientes locais e sazonais, o que faz com que o cardápio varie diariamente.
Linhares se encarregou do projeto de interiores, em que investiu em brasilidades, privilegiando desde o artesanato regional, feito com cerâmica ou palha, até peças emblemáticas do design modernista brasileiro, de nomes como Lina Bo Bardi.
Até 2024, a designer e Perez pretendem abrir uma segunda propriedade da marca Oiá, no Delta do Parnaíba, entre os estados do Maranhão e Piauí. A lista de destinos-endereço futuros inclui o Amazonas, a Chapada Diamantina (BA) e Bonito (MT).
Está também nos planos investir em uma hospitalidade regenerativa, sustentável, que leve em conta a natureza do entorno das propriedades e as atividades econômicas locais, numa relação de cuidado com as comunidades.
Guardadas as devidas proporções, Perez compara a proposta da Oiá com a do Singita Lodge, no Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia. Quanto ao perfil de seus hóspedes, Perez acredita que a Casa Lençóis atraia brasileiros, que podem encurtar o tempo de chegada ao destino se forem de jato ou helicóptero e descerem no aeroporto de Barreirinhas, a apenas 1h30 da hospedaria. Perez ressalta a versatilidade das experiências oferecidas aos hóspedes.
“Quando viajo, gosto de chegar a um lugar e não ter que depender de outra empresa, terceirizada, que vai ser responsável pelos passeios ou resolver meus problemas. Quero sugestões do que é melhor para fazer ou que adaptem as experiências para mim. Então fazemos isso com as atividades ao ar livre, nós adaptamos para cada cliente”, diz.
Um grupo costurado com parcerias
A marca Oiá é um dos seis braços do TP Group. Perez comenta que já no meio da pandemia começaram a surgir algumas oportunidades de parcerias que levaram, após certo tempo de maturação, à reestruturação da empresa.
Uma das iniciativas foi a compra da New Age, uma operadora com 30 anos de atuação no middle market, com um portfólio de roteiros nacionais e internacionais e núcleos especializados em viagens de grupos, cruzeiros e esqui.
O grupo também fez um consórcio com a LTN Brasil, para a criação da TP Corporate, uma agência especializada em viagens e eventos para executivos. Com a EmbarkBeyond, agência de Nova York, o TP Group costurou uma joint-venture para atuar com consultores de viagem independentes, “muito pequenos, que precisam de um guarda-chuva, para marketing, relacionamento com fornecedor”, explica Perez.
Por fim, o grupo criou a TP Air, uma “consolidadora aérea”, ou seja, uma empresa “focada em oferecer um serviço ágil e inovador no atendimento de reservas e emissões aéreas para agências de viagem”.
No Brasil, diz, as agências não têm um contato direto com as linhas aéreas. Há muito poucos consolidadores no mercado, mas as companhias tampouco querem que haja muitos.
“Mas eu criei um plano de negócios para mostrar a elas que a gente iria trabalhar no segmento high yield, voltado para executiva e primeira classe apenas. Já alcançamos cerca de 70% de market share”.
O empresário tem também no horizonte um acordo operacional para a criação de produtos com a Latitudes, agência especializada em viagens de conhecimento, que combinam os destinos ao aprendizado de saberes diversos, da arte e da história à filosofia.