Quando o planeta parece derreter sob efeito de ondas extremas de calor, não restam muitas opções a não ser ligar o ventilador ou o ar-condicionado. Ambas as medidas podem até amenizar o desconforto; mas, responsáveis por 20% do consumo global de energia, acabam contribuindo para o aquecimento global.
Para sair desse (infernal) círculo vicioso, é preciso encontrar alternativas mais sustentáveis para refrescar o ambiente. Cultivar plantas em casa, usar lâmpadas LED ou conservar o ar da noite por mais tempo já não dão mais conta da fornalha em que se transformou o mundo. É preciso recorrer à tecnologia, às inovações 4.0. E rápido.
Fundada em julho de 2020, na cidade americana de Boulder, no Oregon, a startup Tynt Technologies está reinventando as janelas e tornando-as inteligentes. Os US$ 17,1 milhões arrecadados, desde então, possibilitaram a abertura recentemente de uma fila de espera para a compra dos primeiros modelos, previstos para chegar ao mercado em 2024.
Entre os cinco principais investidores da empresa estão o fundo de impacto climático Prime Impact Fund e o Departamento de Energia dos Estados Unidos, além da empresa de capital de risco Starlight Ventures, Kompass e Buff Gold Ventures.
O engenheiro químico Michael McGehee, professor da Universidade do Colorado, e seu ex-aluno de pós-graduação, o também engenheiro Ameen Saafir criaram um sistema inédito, no qual a opacidade da janela é dada pela luz e calor do ambiente externo. Se o cliente preferir, pode, ele próprio, assumir esse controle.
Desenvolvida nas universidades Stanford e do Colorado, a janela inteligente usa uma tecnologia batizada eletrodeposição metálica reversível (RME, na sigla em inglês). Entre duas vidraças é colocada uma película metálica. Quando acionada, uma corrente elétrica de um volt controla os fluxos de luz e de calor.
Em uma residência ou escritório, as janelas são responsáveis por até 30% do calor retido pelo ambiente interno. Em dias de inverno, até tudo bem. Mas, em tempos de crise climática, quando todos os dias parecem de um verão escaldante, fica complicado.
Por causa do aquecimento da Terra e do fenômeno El Niño, nós enfrentaremos episódios severos de calor nos próximos quatro anos, informa a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Conforme o último relatório da agência da ONU, a probabilidade de a alta nas temperaturas ultrapassar 1,5º C é de 66%.
Calculado em comparação aos níveis pré-industriais, quando as emissões de gases de efeito estufa começaram a interferir no clima, esse 1,5º C de aumento médio é considerado o “limite seguro”. Acima dele, os eventos naturais extremos, como secas, enchentes, ciclones tropicais e chuvas torrenciais, se tornarão mais comuns e mais graves.
Isso não significa que o planeta excederá permanentemente a marca, mas que o patamar da segurança será ultrapassado com cada vez mais frequência. O dia 3 julho deste ano é o melhor exemplo do que pode nos acontecer no futuro, se nada for feito para conter o aquecimento global. Naquela terça-feira, a temperatura média global atingiu 17,01º C, superando o recorde anterior de 16,92º, registrado em 2016.