Centralização, burocracia, excesso de controle e desconfiança do indivíduo. Estes são os princípios que fazem qualquer estado permanecer lento, ineficiente e caro.
Como cidadão e empresário, fico impressionado como existem tantas pessoas de excelente qualidade no poder público e, mesmo assim, elas não conseguem ter um entrega de serviço compatível com nossos impostos e necessidade.
Em situações de crise, estes problemas só se acentuam e ficam ainda mais evidentes. Somos um povo com excelente capital humano, subutilizados por uma estrutura ineficiente de estado.
Descentralização, empoderamento e confiança.
O Instituto Cultural Floresta (ICF) funciona justamente por operar com base na descentralização, empoderamento, transparência e confiança, diferente da maior parte das entidades que se propõe a fazer o mesmo trabalho.
Existimos desde 2016, quando reunimos empresários e lideranças do estado para socorrer nossa polícia, que tem uma competência sem igual, mas carecia dos instrumentos adequados para entregar todo o seu potencial, garantindo a segurança pública dos gaúchos. Nossas ações, em poucos meses, geraram uma queda de mais de 90% em alguns indicadores de criminalidade do nosso estado e dela veio a Lei que instituiu o PISEG. Um legado.
Em 2020 e 2021, fomos ágeis e um dos principais agentes privados de ajuda a população, prefeituras e serviços públicos de saúde e segurança durante a pandemia da Covid-19. Viabilizamos centenas de leitos, doamos milhares de equipamentos para saúde.
Foram milhões de unidades de máscaras, luvas, testes e vários outros itens. Financiamos o primeiro laboratório de testes de Covid na Santa Casa de Porto Alegre e a criação de uma nova CTI no Hospital de Clínicas, além de termos atuado como o braço operacional do Unidos Pela Vacina no RS, atendendo mais de 300 prefeituras.
Só que as emergências não pararam. Desde o início do mês, o Rio Grande do Sul está vivendo a maior guerra que nosso país já viu em extensão, danos e número de pessoas atingidas.
Uma guerra covarde onde a natureza trouxe sua força mais potente. Nada é mais forte que a água, nada destrói mais do que ela. E ainda estamos no começo desta crise, que ninguém conseguiu medir a real extensão dos danos. Saberemos quando as águas recuarem.
Antes mesmo de acionar ao estado: a polícia militar, os bombeiros, a polícia civil, a defesa civil, a polícia federal, a polícia rodoviária federal e até mesmo o exército recorreram ao ICF para suprir as suas necessidades mais urgentes. A primeira delas era a de reestabelecer a comunicação com as áreas atingidas.
Até agora, foram cerca de 400 antenas de Starlink entregues e funcionais. Foram milhares de lanternas e pilhas, roupas de borracha, coletes e outros equipamentos de ajuda aos resgates. Mais de duas dezenas de embarcações - barcos e jet skis doados. Isso se falarmos apenas dos itens para viabilizar os resgates.
Soma-se ainda as toneladas de itens alimentares e de outras naturezas para apoio aos atingidos.
O gabinete de crise do governo, na primeira semana após a água atingir os principais prédios públicos do estado no dia 6 de maio, só conseguia comunicação com o resto do estado, incluindo o gabinete do governador, a partir do uso das antenas cedidas pelo ICF.
Ninguém consegue ser tão ágil e eficiente quanto o ICF. Nossa forma de agir não tem paralelo. A confiança e descentralização entre os voluntários, todos empresários de sucesso preocupados com o nosso ecossistema e nossa sociedade, faz com que tenhamos esse êxito no que nos propusemos a realizar.
Usamos nossos próprios recursos, nossos contatos. Não medimos esforços. O ICF é o retrato do nosso povo, somos fortes, aguerridos e bravos
Neste momento de catástrofe, o único jeito de vencer a natureza é com a união massiva de esforços. É com a confiança entre poder público e o privado, buscando a melhor competência de cada um para operacionalizar o que é necessário ser feito.
Todos temos que procurar nosso lugar nesta crise: aqueles que perderam tudo, cuidar de suas famílias. Aqueles que têm recursos, doar para entidades como a nossa. Aqueles que têm aptidão, serem voluntários.
Só não podemos ficar inertes, assistindo.
Peço que sejamos coerentes com nossos valores. E sejamos racionais em nossa decisão de como ajudar. Não faz sentido fazer doações a fundos públicos ou burocráticos, especialmente se é justamente isso que estamos tentando transpor.
Entramos em mais uma semana e agora temos que trabalhar para que os efeitos desta catástrofe não se prolonguem por anos. O maior desafio será devolver as pessoas aos seus lares e dar a elas o mínimo de dignidade para que possam recomeçar. E prover para as empresas a mínima infraestrutura para que voltem a gerar empregos e fomentar o crescimento do estado.
Nosso trabalho está começado. Ajudaremos as famílias, os municípios e as áreas que o estado tem dificuldade de alcançar.
Sabemos que o povo gaúcho não está sozinho. O país está unido.
E o ICF estará junto com o Instituto Ling em sua iniciativa “Reconstrói RS”.
O ICF está junto com o Ciclo Empreendedor em sua iniciativa de “De volta para Casa”.
Agradeço em nome de todo povo gaúcho aos inúmeros voluntários que sacrificaram sua saúde em prol de estranhos.
E peço a todos. Confiem e doem ao ICF.
Diretoria Voluntária:
Leonardo Fração - Presidente
Carlos Vianna - Operacional
Jacques Soares - Jurídico
Michel Gralha - Jurídico
Wladmir Omiechuk - Governança
Conselho Voluntário e Doadores:
Cláudio Goldsztein - Presidente
Wilson Ling
Bruno Zaffari
Richard Gerdau Johannpeter
Mathias Kisslinger
Rodrigo Vontobel
* Leonardo Fração é empresário e presidente do Instituto Cultural Floresta