O Hamas não dispõe de tecnologias de ponta como Israel. O poder de fogo do grupo extremista islâmico é infinitamente inferior. Mas os terroristas estão usando uma arma para espalhar ainda mais o pavor: as mídias sociais.
No TikTok, X (antigo Twitter), Instagram e Facebook, eles divulgam fotografias e vídeos de israelenses implorando por suas vidas.
Sequestrada durante a invasão do Hamas, a idosa Blacha Levenson foi assassinada em sua casa, no kibutz Nir Oz, a um quilômetro da Faixa de Gaza. Imagens de sua execução foram publicadas na conta do Facebook da própria mulher, informa o jornal inglês The Telegraph.
Foi assim que os parentes souberam de sua morte. “Assim que as sirenes começaram, ligamos para minha avó para ver se ela estava em local seguro”, conta a jovem Adi Bayder, neta de Blacha. “Ela disse que estava bem e que não recebera nenhuma instrução especial.”
Pouco tempo depois, a família tentou novo contato e não obteve nenhuma resposta. Os parentes então correram para o Facebook. “O terrorista filmou tudo e fez o upload na página dela. Nunca pensei que chegaria a tamanha crueldade”, escreve Adi. “Te amo minha avó muito e nunca pensei que seria separada de vc assim”
Como a família de Blacha, muitos têm recorrido às plataformas sociais em busca de informações de israelenses desaparecidos. Desde o sábado, 7 de outubro, circula a informação de que os extremistas dispõem de mais registros dos ataques que ainda seriam divulgados. A barbárie se dissemina também pela internet.
Tanto que muitas escolas judaicas, inclusive do exterior, estão pedindo que os pais desativem as redes sociais, em especial do TikTok, dos celulares e computadores de seus filhos, para evitar que eles tenham contato com as postagens perturbadoras do conflito.
“Não podemos permitir que nossas crianças assistam a essas coisas. Além disso, é difícil – impossível - conter todo esse conteúdo nas mídias sociais. Obrigado pela sua compreensão e cooperação”, solicitou a direção de um colégio em Tel Aviv, segundo a CNN.
Várias instituições de ensino nos Estados Unidos adotaram o mesmo cuidado. A jornalista americana Joanna Stern, colunista do jornal The Wall Street Journal, publicou em sua conta no X: “Qualquer pessoa que siga influenciadores judeus ou israelenses estão expostas a essas imagens, via os algoritmos das redes sociais”.
E prosseguiu: “O que se teme é que o que está para ser divulgado é pior do que qualquer pessoa possa suportar”. Entre o material a ser postado pelo Hamas haveria cenas de tortura física e psicológica a crianças raptadas.
Na quarta-feira, 11 de outubro, a União Europeia deu prazo de 24 horas para que a Meta, dona do Facebook e do Instagram, banisse vídeos do Hamas de suas plataformas. O X já havia sido também alertado sobre a decisão.
“O conteúdo que circula online e que pode ser associado ao Hamas é qualificado como terrorista e, portanto, ilegal. Precisa ser removido de acordo com a Lei de serviços Digitais e o Regulamento de Conteúdo Terrorista Online”, informa o comunicado.
Nesta quinta-feira, 12 de outubro, o X informou que derrubou “centenas de contas afiliadas ao Hamas” e removeu milhares de postagens do ar desde o início da guerra em Israel.
As plataformas de mídias sociais estão usadas também para a propagação de informações falsas sobre a guerra, amplificando o ódio e a violência. Vídeos antigos dos conflitos na Síria e até cenas de jogos são reaproveitados.
Uma das imagens supostamente mostrava a captura de soldados israelenses sendo capturados pelos terroristas do Hamas. Mas a equipe de verificação da agência AFP averiguou a procedência da confirmou que a fotografia fora tirada em 2022, durante um exercício militar em Gaza.
Os analistas da France Press também encontraram várias postagens no X, Facebook e TikTok com a divulgação de um documento falso, no qual a Casa Branca destinava US$ 8 bilhões para Israel.
Ainda conforme a AFP, Elon Musk, dono do X, foi duramente criticado por incentivar os milhões de usuários da plataforma a seguir duas contas, segundo ele, “boas” para quem quisesse se manter atualizado sobre a guerra.
Ambos os perfis, porém, são reconhecidamente fornecedores de fake news. Depois da condenação, Musk teria apagado o post.
Conforme os analistas, com as demissões e cortes de custos recentes, envolvendo as gigantes da tecnologia, as equipes de checagem e combate a mensagens falsas e de incitação à violência, foram esvaziadas. Com isso, as redes sociais se transformam em armas poderosas para a disseminação do terror.