O próximo capítulo da The Honest Company, empresa fundada pela atriz hollywoodiana Jessica Alba, está sendo escrito pelos bancos Morgan Stanley e Jefferies. Segundo o jornal americano The New York Times, as instituições financeiras foram contratadas para liderar o processo de venda e encontrar compradores para o negócio.

Focada no comércio de produtos "honestos", cujas fórmulas privilegiam ingredientes seguros, que não representem nenhum tipo de risco à saúde, a companhia chegou a levantar US$ 503 milhões nas sete rodadas de investimentos organizadas desde sua fundação, em 2011. Entre os que apostaram na companhia estão os fundos L Catterton e Fidelity Management, além da Research Company.

Nos tempos áureos, a The Honest Company deu à Alba o "Oscar" de sua carreira de empresária: a capa da revista Forbes, em 2015. Na época, avaliada em US$ 1,7 bilhão, a The Honest Company colocou a artista no topo da lista da publicação das mulheres mais ricas do país.

O ranking elegia apenas as empreendedoras e executivas que "fizeram" suas próprias fortunas, excluindo, portanto, herdeiras. O patrimônio de Alba foi avaliado em US$ 340 milhões, pela mesma Forbes, em maio de 2016.

O problema é que, pouco depois de experimentar esse apogeu, a atriz conheceu também o "inferno". Ainda em 2016, o jornal The Wall Street Journal revelou que dois testes de laboratório independentes encontraram amostras de lauril sulfato de sódio nos sabões em pó da Honest.

O agente de limpeza estava na lista de produtos químicos que a companhia se comprometia a evitar, tanto que as embalagens traziam a mensagem de que aquele produto era livre de "SLS", como é chamado o ingrediente na sigla em inglês. 

A empresa refutou os resultados e apresentou um laudo próprio, em que o laboratório não indicou a presença do agente controverso. Apesar disso, a organização alterou a fórmula do produto já em 2007, mas não conseguiu evitar o "arranhão" em sua imagem.

Como consequência, alguns parceiros suspenderam as vendas dos produtos Honest, que estagnou as operações da companhia e derrubou sua avaliação para menos de US$ 1 bilhão em 2017.

Na tentativa de reescrever essa narrativa, a companhia contratou Nick Vlahos, ex-CEO da Clorox, para liderar a reestruturação da empresa, fazendo de Alba "apenas" o rosto da marca. Vlahos apostou na expansão do departamento de pesquisa e desenvolvimento, e no lançamento de uma linha "natural" de produtos de beleza.

Paralelo a isso, a estratégia da Honest mudou também. A companhia, que focava nas vendas online, passou a colocar seus produtos nas prateleiras de grandes redes varejistas, como a farmacêutica Walgreens e a gigante de supermercado Ralph's. 

Todas essas mudanças, com uma "forcinha" desta pandemia, que impulsionou a demanda por produtos de limpeza, levaram a Honest a registrar 25% de crescimento desde março. Em entrevista à Vogue Business, em maio deste ano, Vlahos disse que a empresa estava caminhando para faturar US$ 350 milhões em vendas em 2020. 

A expectativa é que, embalado pelos bons números recentes, a avaliação da companhia supere mais uma vez a marca de US$ 1 bilhão. Embora nenhuma corporação tenha tornado público o seu interesse de compra, a imprensa americana trabalha com a possibilidade de que grandes empresas de bens de consumo possam ver nesta oportunidade uma maneira rápida de expandir seu portfólio e base de clientes.

Mas uma outra possibilidade é que a companhia seja comprada por uma special-purpose acquisition vehicle, empresas de capital aberto criadas especificamente para fazer uma aquisição em até dois anos. Caso opte por essa segunda via, a Honest teria seu capital listado na bolsa americana, como quase aconteceu em 2015, quando vivia seu ápice. 

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