Líder no setor de academias no País, com 1.759 unidades no Brasil e mais 14 países na América Latina, o grupo Smart Fit tem crescido em uma área que tem buscado cada vez mais se distanciar da holding: a vertical de studios, onde estão sete marcas para práticas coletivas de modalidades como corrida, musculação, bike, yoga e pilates.
A área de treinos em grupo da Smart Fit hoje conta 228 operações no Brasil e quatro no exterior (duas na Guatemala e duas em Portugal). O objetivo agora é de ampliar a presença no continente europeu. Mais três salas devem ser inauguradas em Lisboa até dezembro. Além desse passo, a rede desembarca na Espanha no segundo semestre.
No caso da expansão europeia, a ideia é que o plano de negócios seja desenvolvido por um grupo de investidores, liderados pela atriz Fernanda Rodrigues, já donos de unidades no Brasil, e que abrirão esses novos mercados no exterior.
“No início, esse crescimento fora do Brasil foi mais passivo, com a procura de franqueados. Hoje, já temos um plano estratégico consolidado, com um desenho mais ativo, definindo as marcas que fazem mais sentido em cada país e o tamanho”, diz Carolina Corona, CEO da vertical de studios do grupo Smart Fit, em entrevista ao NeoFeed.
O plano do segmento de studios é de, até o fim de 2025, ultrapassar a marca de 300 salas, o que vai representar uma expansão territorial de 31,6%. Desse volume, a vertical de treinos deve contar com 5% das operações no exterior, o que significa 15 unidades fora do Brasil nos próximos seis meses.
No Brasil, o crescimento passa pelo aumento da presença nas regiões Sul, Norte e Nordeste, já que a maior parte dos studios está concentrada no Sudeste. A empresária adianta que, nas próximas semanas, a vertical ganhará a oitava empresa, que vai oferecer uma experiência com conexão ao projeto de pilates, sem dar mais detalhes.
O avanço está ancorado no plano estratégico de se desassociar do core principal da companhia-mãe, que é oferecer um amplo espaço para que o atleta amador, se quiser, possa fazer seu treino sem a ajuda de um professor. No caso dos studios, o conceito é o oposto.
“Há um público grande que não vê muita graça em uma academia tradicional e gosta de se relacionar com comunidades específicas de treinos. Por isso que essa independência é importante”, diz a CEO da vertical de studios do grupo Smart Fit.

“Quando eu comecei a empreender dentro do grupo, fiz esse trabalho de descolar minha unidade do grupo principal, para que a gente pudesse ter mais agilidade e crescer de forma mais qualitativa”, complementa.
A diferença principal está no próprio modelo de negócios. Enquanto a Smart Fit foca em unidades próprias, o conceito de crescimento da área de studios é pelo modelo de franquias.
A empresa não revela o faturamento da vertical de studios, mas, segundo Carolina, a área que ela lidera já se paga e hoje entrega resultados para o balanço da companhia. Para este ano, a previsão é de crescer acima de 40% em faturamento.
No primeiro trimestre de 2025, a Smart Fit registrou receita líquida de R$ 1,7 bilhão, alta de 33% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro líquido recorrente alcançou R$ 141 milhões, aumento de 22% sobre o primeiro trimestre de 2024.
Uma academia com crédito
A proposta de criar esse segmento específico na holding surgiu quando Carolina deixou o México, em 2018, após passagem de quatro anos para liderar no país a operação da companhia fundada por seu pai, Edgard Corona.
Até o ano passado, foram cinco marcas criadas do zero por Carolina (Race Bootcamp, Tonus Gym, One Pilates, Vidya e Jab House). Em julho de 2024, a Smart Fit anunciou a aquisição da Velocity, salas para spinning, e a Kore, de treinos funcionais de alta intensidade, ambas do mesmo grupo, por R$ 183 milhões. Somente a Velocity representa 41,2% do total das operações, com 94 das atuais 228 salas.
Mesmo que o plano seja de mostrar que os studios não são uma extensão da Smart Fit e sim um formato diferente para públicos específicos, Carolina reconhece que há vantagens em pertencer ao mesmo grupo, garantindo sinergia em alguns setores da operação.
“A Smart Fit é marcada por academias grandes, mais voltadas em cardio e musculação e o meu negócio é muito mais dependente do professor e da presença do aluno”, diz ela. “A gente define que a minha área é mais de operação e o deles é mais de varejo.”
O próprio modelo de pagamento reafirma bem essa diferença. No caso da Smart Fit, há um estímulo para que o aluno faça planos semestral ou anual. Nos studios, o pagamento normalmente é feito no modelo de ‘créditos’, pagando uma, cinco, 10, 20, ou até 65 aulas.
“Os negócios são muito diferentes e as pessoas que operam precisam ter essa cabeça. No marketing, por exemplo, são ações específicas. No entanto, o financeiro é o mesmo, por isso que nosso faturamento entra no resultado do grupo. E talvez o ponto mais representativo é no supply chain, com um time negociando e comprando para todas as empresas.”
No acumulado do ano, as ações da Smart Fit na B3 registram valorização de 46,96%. O grupo está avaliado em R$ 14,6 bilhões.