Não é segredo para ninguém que desde que Satya Nadella assumiu a Microsoft, em 2014, a companhia passa por um processo de reestruturação que abalou, positivamente, todas as estruturas da empresa fundada por Bill Gates.
Hoje, a desenvolvedora de software é a empresa mais valiosa do planeta, com valor de mercado de mais de US$ 1 trilhão, deixando para trás gigantes não só mais jovens, como também mais badaladas do Vale do Silício, como Apple, Google e Amazon.
Mas mesmo para os mais otimistas dos analistas de Wall Street, os resultados trimestrais da Microsoft mostraram que Nadella ainda podem surpreender muita gente – positivamente, mais uma vez.
Os números do quarto trimestre, finalizado em junho, mostraram vendas recordes de US$ 33,7 bilhões, uma alta de 12%. O lucro saltou quase 50%, atingindo US$ 13,2 bilhões. As ações subiam 1,5% depois do fechamento do mercado.
Mas o que chamou a atenção dos investidores foi o desempenho de seu negócio de computação em nuvem. As vendas cresceram 39% e já representam um terço da receita da Microsoft.
Esse foi um sinal de que a transição para a computação em nuvem, que os investidores já consideravam bem-sucedida, está mais rápida do que o imaginado.
As ações da Microsoft valorizaram-se 225% desde que Nadella assumiu a empresa, em julho de 2014
A Microsoft conta hoje com 34,8 milhões de assinantes Office 365, seu pacote de produtividade que leva para a internet uma série de programas, como o processador de texto Word e a planilha de cálculo Excel.
A plataforma de computação em nuvem Azure, considerada crucial na estratégia da Microsoft, viu sua receita saltar 64% comparada ao mesmo período do ano passado – a empresa não divulga números sobre esse negócio, apenas o crescimento percentual.
Em 2015, as receitas do Azure eram estimadas em US$ 1 bilhão. Acredita-se que podem chegar a US$ 22 bilhões em 2020. É com esse serviço que a empresa concorre com a Amazon Web Services (AWS), que lidera o setor de computação em nuvem. Em 2018, a área da Amazon faturou US$ 25 bilhões.
Essa virada da Microsoft, que rumava à irrelevância tecnológica e caminhava para morrer abraçada ao sistema operacional Windows, deve ser creditada ao indiano Nadella, apenas o terceiro CEO da empresa – antes dele Bill Gates e Steve Ballmer ocuparam o posto.
Desde que assumiu, substituindo ao fanfarrão Ballmer, ele resolveu acabar com a “windowsdependência” da empresa e apostar em serviços de computação em nuvem.
Até os sistemas de código aberto, como o Linux, antes tratados como um câncer por Ballmer, passaram a fazer parte do dia a dia dos funcionários da empresa – bem como da estratégia de negócios.
Aos poucos, Nadella foi tirando a companhia de seu isolamento em torno do Windows e abrindo as portas para outras plataformas, como a da Apple. Hoje é possível usar o Word e o Excel no iPhone, o que era impensável e improvável anos atrás.
A cabeça da Microsoft está cada vez mais nas nuvens. E o mercado financeiro parece que tem gostado disso. As ações valorizaram-se 225% desde que Nadella assumiu a empresa, em julho de 2014.