Na contramão da onda observada no ano passado, 2022 foi marcado por poucas movimentações no plano dos IPOs e das aquisições. Nesse cenário, com seus negócios diretamente ligados a essas operações, os grandes bancos de Wall Street começam a engrossar as estatísticas em outra frente: as demissões.
O mais novo nome a reforçar esses números é o Morgan Stanley. Nesta terça-feira, 6 de dezembro, o banco americano cortou cerca de 1,6 mil profissionais ou aproximadamente 2% do seu quadro, segundo informações da rede americana CNBC.
As demissões afetaram praticamente todos os braços da operação global do banco de investimento com sede em Nova York. Os profissionais que atuam como advisors financeiros estariam entre as poucas categorias não impactadas pelos cortes.
Os desligamentos não foram confirmados pela companhia. Entretanto, na semana passada, James Gorman, CEO do Morgan Stanley, afirmou em entrevista a agência Reuters que o banco estava se preparando para algumas demissões. O executivo não revelou, porém, qual seria a extensão dessa decisão.
“Algumas pessoas serão demitidas. Estamos fazendo alguns cortes modestos em todo o mundo. Na maioria das empresas, é isso que você faz depois de muitos anos de crescimento”, ressaltou Gorman, naquela ocasião.
A equipe do Morgan Stanley foi, de fato, bastante reforçada nos últimos anos. Desde o primeiro trimestre de 2020, antes da chegada da Covid-19 avançar pelo mundo, até o terceiro trimestre de 2022, o Morgan Stanley ampliou em 34% o seu quadro de funcionários.
Parte desse crescimento passou por duas grandes aquisições nesse intervalo, as compras da Eaton Vance, empresa de gestão de investimentos, e da corretora E-Trade, em acordos que somaram US$ 20 bilhões. Outro grande motor, no entanto, foi o boom de operações em Wall Street durante a pandemia.
O corte de 2% no time do banco pode parecer incipiente, dada a escala total de funcionários. Mas ele chama atenção pelo fato de que, com a escalada de negócios na trilha da Covid-19, os grandes bancos haviam suspendido a prática anual de demitir entre 1% a 5% de seus funcionários com menor desempenho.
O Morgan Stanley não é o único banco a retomar essa política. No início de novembro, a agência Bloomberg revelou que o Barclays demitiu 200 funcionários, cerca de 3% do seu quadro de profissionais. Os cortes aconteceram duas semanas depois de o banco britânico reportar uma queda de 45% em suas taxas de consultoria de M&As.
Na mesma época, o Citigroup decidiu desligar aproximadamente 50 funcionários da sua área de banco de investimentos, além de dispensar dezenas de profissionais de outros braços da sua operação. Já em outubro, o Credit Suisse, envolto em uma crise de confiança sobre sua solvência, anunciou que planejava cortar cerca de 2,7 mil vagas até o fim de 2023.
Antes, em setembro, uma reportagem publicada pela agência Bloomberg revelou que o Goldman Sachs estava planejando seu maior corte desde o início da pandemia, com a demissão de centenas de profissionais a partir de outubro.