Há duas semanas, a Hapvida divulgou, em fato relevante, que Irlau Machado Filho estava deixando o cargo de Co-CEO da companhia, bem como o assento que ocupado por ele no Conselho de Administração da empresa, que ficaria vago até que uma nova indicação fosse feita.
A decisão do executivo, que foi CEO do Grupo Notre Dame Intermédica e passou a dividir o comando da Hapvida com Jorge Pinheiro a partir da fusão das duas operações, no início deste ano, não foi bem recebida pelo mercado. Tanto que a ação caiu 3,5% no dia do anúncio.
A resposta negativa do mercado deveu-se ao timing do anúncio, em meio ao início da integração das duas companhias, e pelo fato de o comunicado trazer poucas informações sobre questões como cláusulas de non-compete.
Claramente, essa resposta nada positiva do mercado está no centro de um novo fato relevante divulgado pela Hapvida na noite de ontem, dia 6 de dezembro. No comunicado, a empresa informa que Machado permanecerá no board e nos demais comitês que integra na companhia.
No Conselho, o mandato do executivo se estende, a princípio, até fevereiro de 2024. Ele também passará a coordenar os novos comitês de Governança & Integrações e de Meio Ambiente e Social, temas, segundo a companhia, “cruciais” para o seu desenvolvimento sustentável nos próximos anos.
“A permanência do Sr. Irlau nos órgãos máximos de deliberação permitirá a continuidade de sua contribuição estratégica à companhia, inclusive nos temas de integração das duas verticais tendo em vista seu conhecimento profundo sobre a vertical Notre Dame Intermédica”, afirmou a empresa no documento.
Se a intenção da Hapvida era minimizar os danos causados pelo primeiro anúncio, a estratégia parece, a princípio, estar surtindo efeito.
Em relatório, o BTG Pactual, por exemplo, classificou a notícia como positiva, especialmente levando-se em conta a divulgação inicial abrupta, que sugeria que Machado “poderia estar indo para um concorrente”. O banco fez, no entanto, algumas ressalvas.
“Devemos dizer, no entanto, que, agora, Irlau deve manter os termos originais de seu pacote de opções de compra de ações, mas sem exercer funções como executivo, o que parece um pouco caro para a empresa”, escreveram os analistas Samuel Alves, Yan Cesquim e Pedro Lima, que tem recomendação de compra para o papel.
O trio frisou ainda que a permanência de Machado no Conselho de Administração poderia ter sido anunciada antes. E destacou que, apesar da perspectiva de longo prazo para a Hapvida seguir sólida, os resultados fracos do terceiro trimestre adicionaram riscos negativos às projeções para a operação e que “novas cortes nas projeções podem pesar sobre as ações no curto prazo”.
No pregão dessa terça-feira, a reação também está sendo positiva. As ações da Hapvida operavam com alta de 2,78% por volta das 13h. Em contrapartida, em todo o ano, os papéis acumulam uma desvalorização superior a 50%. A companhia está avaliada em R$ 36,6 bilhões.