De 1996 a 2023, o agronegócio foi o motor do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 15 anos. Tamanha força na atividade econômica justifica qualquer movimento em direção ao campo. E é esse o caminho escolhido pela Alper Consultoria e Corretora de Seguros.

A companhia, com cerca de R$ 3,5 bilhões em prêmios, anunciou nesta segunda-feira, 24 de junho, a compra da Fracel Corretora de Seguros, uma das maiores de Santa Catarina e especializada em seguros corporativos, com foco em clientes do agronegócio.

Pelo acordo, a Alper pagará pouco mais de R$ 98,6 milhões, sendo R$ 41,85 milhões à vista e o restante em parcelas variáveis e condicionadas às metas de performance entre 2024 e 2028.

Essa é a maior aquisição da história da Alper, que, desde que foi fundada, em 2010, já fez mais de 60 M&As. Até então, a maior transação havia sido a da TRR, uma corretora focada no segmento de planos de saúde, que foi adquirida, no ano passado, por R$ 95,5 milhões

A Fracel é a quarta aquisição no segmento de agronegócio da Alper, em uma estratégia de expansão nesse mercado com o objetivo de ser um de seus principais players. Agora, cerca de 20% da receita da empresa passa a vir desse segmento.

“O agro continua sendo parte relevante da economia, representando 24% do PIB brasileiro, e sempre esteve presente em nossa estratégia de crescimento, mas desde 2020 a elegemos como nosso foco”, afirma Marcos Couto, CEO da Alper, ao NeoFeed.

A Fracel é especializada em seguros para as verticais da indústria do agronegócio, como fertilizantes e a cadeia produtiva animal. Sua aquisição permite a Alper atuar em toda a demanda do agro, apoiando na colocação dos mais diversos riscos em lavoura, equipamentos, avicultura, suinocultura, frigoríficos, usinas sucroalcooleiras, entre outras especificidades do segmento.

No início de junho, a Alper já tinha anunciado a aquisição da Togni Consultores Associados e Corretora de Seguros, em um movimento para crescer no estado de Minas Gerais.

A expansão via M&A sempre esteve na estratégia da Alper, tendo feito mais de 65 aquisições na sua história. Na época do seu IPO, em 2010, a companhia era formada pela união de 27 corretoras. Nos quatro anos seguintes, foram feitas mais 25 aquisições. A companhia chegou a valer R$ 2 bilhões.

A pausa na expansão inorgânica veio entre 2015 e 2017, um período voltado para consolidação das plataformas e o desinvestimento de alguns negócios.

Couto, que assumiu no fim de 2017, deu início a um processo de aceleração do crescimento orgânico, mudança de posicionamento estratégico e criação da nova marca - a Alper substituiu a BR Insurance.

Mesmo com toda a reorganização promovida pela nova gestão, foram adquiridas 19 empresas nos últimos sete anos.

Com valor de mercado de R$ 880 milhões, a Alper é controlada pela gestora de private equity Warburg Pincus, que em novembro do ano passado avaliou a empresa em R$ 850 milhões e ofereceu aos controladores R$ 43,5 por ação - o papel negocia, hoje, em torno de R$ 43.

Após a concretização do negócio, a Warburg Pincus detém quase 75% de participação na Alper. O segundo maior acionista é o fundo Axxon, e depois os executivos Marcos Couto e André Martins. O restante está em livre circulação.

A oferta pública de aquisição (OPA) foi liquidada em 5 de janeiro deste ano. Em 11 de abril, com o quórum de dois terços das ações sob o controle da gestora de private equity, a Alper pediu o cancelamento de registro de companhia aberta.

Após o fechamento da empresa ao mercado, a ideia é acelerar as aquisições. A Warbus Pincus apostou na empresa exatamente por acreditar na sua estratégia de consolidação desse mercado segurador, com mais de 100 mil empresas, das quais cerca de 70% são individuais, os chamados "pastinhas".

"Esse é um mercado muito pulverizado, pois não tem barreira de entrada. Mas com tempo fica difícil competir com os maiores que vão ganhando escala. Nosso target de aquisição são corretoras especializadas que faturam ao menos R$ 8 milhões por ano. Com isso, temos cerca de 500 mapeadas", afirma Couto.

O mercado de seguros ainda é subpenetrado no Brasil, e representa ainda cerca de 3% do PIB. Couto acredita que pode-se chegar a 6%, já que a média em países desenvolvidos é de 8%. "Esse é um mercado resiliente, que cresce em média 10% ao ano, mas que ainda tem muito para crescer. E queremos estar na liderança disso."