A Ambipar conseguiu na Justiça uma decisão para que o Opportunity deixe de vender ações da companhia que seriam do controlador Tércio Borlenghi Júnior — movimento que vinha reduzindo sua participação na empresa, atualmente em recuperação judicial.

O desembargador Mauro Pereira Martins, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou nesta terça-feira, 11 de novembro, que o FIP Opportunity se abstenha de vender ou transferir ações da Ambipar, sob pena de multa de R$ 2 milhões.

Em sua decisão, o magistrado afirmou que “o grande e inusual número de negociações” realizadas “vem agravando a situação de crise, com redução drástica do valor das ações no mercado, bem como diminuindo a participação do sócio controlador, o que certamente compromete o resultado que se busca obter com a superação de tal adversidade de desequilíbrio financeiro”.

A empresa vinha alegando, nos últimos meses, que o Opportunity estava agindo “de forma irregular, excutindo ilegalmente ações” de propriedade de Borlenghi por meio do Everest FIP — veículo que detém 15,7% do capital social da companhia, segundo o mais recente formulário de referência. Com as diversas vendas, Borlenghi passou a deter, direta e indiretamente, 53,2% do capital social da Ambipar.

A medida estende os efeitos da liminar já aplicada ao Bradesco, que teria feito movimentos semelhantes, alienando 15,9 milhões de ações entre o fim de setembro e 6 de outubro. O banco é um dos maiores credores da Ambipar, com R$ 165 milhões a receber, conforme demonstrado no pedido de recuperação judicial.

A Justiça do Rio aprovou, há duas semanas, o pedido de recuperação judicial da Ambipar, após a companhia alegar risco às operações devido à ameaça de vencimento antecipado de dívidas por parte de credores — com possibilidade de rombo financeiro de quase R$ 11 bilhões.

Credores e investidores questionam o cenário, já que a empresa havia informado posição financeira confortável, com caixa de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre.

O pedido de recuperação judicial não dissipou as dúvidas, especialmente após a companhia colocar sob sigilo os extratos bancários, aplicações financeiras e o relatório gerencial de fluxo de caixa e projeções para os próximos dois anos.

Procurada pelo NeoFeed, a Ambipar informou que não comentaria o caso. O Opportunity não respondeu ao pedido de posicionamento até a publicação desta nota.

Por volta das 17h36, as ações da Ambipar caíam 7,14%, a R$ 0,26. No ano, os papéis acumulam queda de 97,8%, com o valor de mercado reduzido a R$ 433,7 milhões.