A negociação que envolve a Vinci Compass e a Verde Asset não é só um sinal de que a consolidação das assets chegou para valer no mercado brasileiro.

É também uma indicação de que nem mesmo grandes placas, comandadas por gestores estrelados, como é o caso de Luis Stuhlberger, passarão imunes a esse processo.

A Verde Asset, que já teve mais de R$ 50 bilhões sob gestão, conta hoje com apenas R$ 17 bilhões sob gestão, sendo uma das que mais tem sofrido com a sangria dos fundos multimercados, a principal estratégia da casa.

Nos últimos anos, a gestora entrou em crédito e abriu, no ano passado, uma casa para atuar na área de incentivados, com fundos imobiliários e de agronegócio (a Verde Agro & Imobiliário).

Mas segundo as palavras de uma fonte que conhece os corredores da Verde Asset, o motor da gestora, que são os fundos multimercados, precisam voltar a funcionar.

Desde 2022, os fundos multimercados acumulam saídas líquidas de mais de R$ 850 bilhões. Somente nos últimos 12 meses, os resgates somaram mais de R$ 374 bilhões.

Mesmo com alguns fundos batendo o CDI em 2025 – um sinal de que os ventos estariam começando a mudar para alguns gestores que atuam com multimercados – não há, no entanto, sinal de que a captação voltará para essa classe de ativos.

Ao mesmo tempo, a negociação com a Vinci Compass – que foi publicada em primeira mão pelo Brazil Journal e foi confirmada pelo NeoFeed – abre uma porta de saída para Stuhlberger.

O negócio que envolve uma joint venture, na qual Stuhlberger e seus sócios ficaram com uma fatia em ações da Vinci Compass, está em sua fase inicial. E ainda deve ser fechado nos próximos meses – caso, de fato, seja concluído.

Stuhlberger ficaria com a gestão dos fundos Verde e com autonomia durante cinco anos. Simultaneamente, estaria dentro de uma gestora com R$ 280 bilhões de ativos sob gestão, o que poderia não só abrir portas, como acelerar a sua diversificação.

Notícias de incorporação de gestoras – e até mesmo fechamentos – se tornaram comum no mercado nos últimos dois anos. Na euforia do mercado, a partir de 2018, o Brasil chegou ao estonteante número de mais de 900 casas.

Até as ciclovias da Faria Lima sabiam que não havia espaço para tanta gente. Estima-se que casas que tenham R$ 1 bilhão sob gestão, mal conseguem pagar as contas. Menos do que isso é prejuízo certo.

A consolidação começou por aí. O que não estava previsto, pelo menos até agora, é que casas muito maiores – e que tinham reputação no mercado – iam seguir por uma avenida semelhante.