A pouco mais de um mês de uma assembleia extraordinária, convocada para 1º de agosto a pedido da gestora WNT, a companhia de móveis e decorações Westwing está comunicando uma troca em seu comando. O fundador e CEO Andres Mutschler deixará o cargo em 31 de julho, mas manterá seu assento no conselho de administração.
Em seu lugar, interinamente, assume Marcelo Kenji, que foi contratado como CFO em dezembro do ano passado. Segundo o NeoFeed apurou, essa transição estava nos planos da Westwing. Mas a companhia decidiu fazer essa mudança agora, em meio à pressão da WNT, uma gestora de recursos que utiliza capital de Nelson Tanure e do banco Master e seus acionistas.
O nome escolhido para o lugar de Mutschler é também estratégico. Apesar de estar na Westwing há sete meses, Kenji é considerado o perfil adequado para tocar o projeto prioritário da empresa, que é recuperar suas finanças e preservar o caixa.
Entre março e maio, segundo dados prévios e não auditados, a Westwing gerou R$ 4 milhões de caixa, de acordo com um fato relevante divulgado na terça-feira, 27 de junho, que passou desapercebido.
No primeiro trimestre de 2023, a queima de caixa tinha sido de R$ 8,8 milhões, uma queda de 75% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com isso, a empresa tem R$ 150 milhões em caixa. Seu valor de mercado é R$ 175 milhões na B3.
A WNT pediu que a assembleia extraordinária delibere sobre a destituição de todos os atuais membros do conselho de administração da Westwing. Caso a questão seja aprovada, a pauta prevê também a eleição de novos membros, com número fixado em cinco integrantes e mandato unificado de dois anos. Outro ponto solicitado é a inclusão de ao menos dois conselheiros independentes, além da indicação do presidente do colegiado.
A gestora alega também que a Westwing tem “indicadores econômicos aquém de seu potencial" e conclui que "a renovação qualificada da alta administração poderá contribuir para uma melhora no crescimento e rentabilidade." A Westwing, ao convocar a assembleia, recomendou que seus acionistas votem contra as mudanças.
O board da Westwing
Desde 2022, a Westwing vem assistindo a uma onda de trocas em seu alto escalão. Há 16 dias, no movimento mais recente, o conselheiro independente Daniel Funis renunciou ao seu assento no board. O mesmo caminho foi seguido por Eduardo Oliveira, que ocupava o posto de vice-presidente da empresa.
No primeiro trimestre, a empresa reportou um prejuízo de R$ 13,6 milhões, alta de 35,9% sobre igual período, um ano antes. Entre janeiro e março, o GMV da operação recuou 25,8% na mesma base de comparação, para R$ 65,8 milhões.
A receita líquida, por sua vez, teve queda de 30,5%, para R$ 44,4 milhões, enquanto o número de compradores ativos caiu 25,5%, para 237,2 mil.
Neste ano, as ações da Westwing sobem 32%. Mas desde o IPO, em fevereiro de 2021, quando captou R$ 1,1 bilhão, elas se desvalorizaram 17%.