A AZ Quest, do grupo Azimut em sociedade com a XP, com R$ 20,5 bilhões sob gestão, vai dar um novo passo no mercado financeiro nas próximas semanas. A empresa vai criar uma nova gestora que, a princípio, se chamará AZ Quest Investimentos Alternativos. “Ainda estamos definindo o nome, mas deve ser esse”, diz Walter Maciel, CEO da AZ Quest, ao NeoFeed.
A nova gestora vai focar nos chamados investimentos ilíquidos como private equity, venture capital, crédito estruturado e agro. Aos poucos, a companhia vai entrar em cada segmento com a meta de ganhar corpo. Um deles, entretanto, já está pronto para a largada. Trata-se do segmento de agro.
A AZ Quest trouxe para dentro de sua casa uma equipe especializada no setor. E vai lançar dois fundos: um Fdic de R$ 75 milhões, para antecipar recebíveis da cadeia de insumo, e um Fiagro de crédito com o objetivo de captar R$ 250 milhões até o fim do ano. “Vamos dar crédito para a cadeia agrícola e receber juros”, diz Laurence Mello, gestor de crédito da AZ Quest.
O nome do fundo ainda não foi definido, mas os executivos almejam um retorno de CDI mais 5,5% isento de imposto. “Temos uma meta de estrutura de longo prazo de ter fundo fechado, fundo listado em bolsa, vários produtos”, diz Maciel. Para isso, estão trazendo um experiente profissional do setor.
O escolhido foi Idalício Silva, que começou nesse segmento de agro na estruturação de CRAs, em 2012, na Ecoagro. “Na época, o total do mercado de CRAs era de R$ 1,3 bilhão. Em 2019, eram R$ 30 bilhões emitidos no mercado”, diz Silva. Nessa época, ele saiu da companhia e foi trabalhar com Salim Mattar como secretário adjunto de desestatização no governo federal.
Agora, de volta a iniciativa privada, como gestor de estratégia Agro da AZ Quest, vai colocar em prática a sua tese. “Os principais banqueiros do agronegócio não são os bancos, são as grandes corporações. Bunge, ADM, Raízen e Cargill sabem dar crédito para o agronegócio como ninguém. O diferencial deles é que estão na ponta, entendem como funciona o setor e fica mais fácil de atender a demanda e controlar risco”, diz Silva.
O executivo vai começar com um Fiagro com uma tese na área de distribuição de insumos. “Não vamos concentrar nem em cultura e nem em microrregião do agronegócio”, diz Silva. O produto vai antecipar recebíveis para distribuidores de fertilizantes, sementeiras, empresas de transporte. Estará em todas as etapas da cadeia, do início ao fim. “Vamos também atuar na pecuária. Anteciparemos para o produtor de boi e ficamos com o risco do frigorífico.”
Esse será o primeiro passo. “Teremos originação dentro de casa. Iremos direto no tomador de crédito”, diz Silva. Depois, segundo os executivos da gestora, a empresa poderá explorar outros tipos de Fiagro. Entre as possibilidades, estão a compra de terras e até a aquisição de participação em empresas do setor.
A AZ Quest conta com 80 pessoas, das quais 42 focadas em gestão e esse movimento é mais do que natural. “Na parte de investimentos líquidos, temos uma prateleira bem diversificada”, diz Maciel. “Agora, vamos fortalecer a parte de ilíquidos. Com a casa arrumada, com o patrimônio que temos sob gestão, tem muito espaço para crescer nesse segmento.”
Maciel usa como exemplo o caso do segmento de crédito privado. A AZ Quest começou a área em 2015 e transformou em um dos principais braços da companhia. “Hoje, dos R$ 20,5 bilhões sob gestão, R$ 12 bilhões são dos fundos de crédito.”