Existe um conceito amplamente disseminado no mundo de que a liderança é uma característica inerente ao indivíduo. Isso significa que você nasce com capacidade de liderar ou está fadado a nunca chegar perto de cargos que envolvem essas características.
Porém, na visão de Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan Chase há quase 20 anos, isso não passa de uma falácia. Dimon afirma que a liderança deve ser aprendida, conquistada e, além disso, bem gerida.
Para ele, a diferença entre um bom CEO e um ruim é o quanto ele está disposto a não se acomodar com a sua posição, priorizando o aprendizado, as conversas e o interesse no ponto de vista de outras pessoas.
"Eu acho que os líderes têm de sair [de trás de suas mesas]", diz Dimon em entrevista ao programa “This is Work”, do LinkedIn. "Eles têm de sair o tempo todo. Têm que ser curiosos, fazer um milhão de perguntas. Eles estão aprendendo com os concorrentes, estão aprendendo com os clientes."
O executivo de 68 anos, que comanda um banco que faz a gestão de US$ 3,2 trilhões em ativos em todo o mundo, afirmou ainda que gosta de ouvir reclamações de seus clientes. Segundo ele, uma de suas prioridades é se reunir com consumidores e concorrentes, com a intenção de fazer perguntas e entender onde sua empresa está ganhando destaque e quais são os seus problemas a serem resolvidos.
"Eu sempre digo a um cliente: 'Quando você reclama conosco, está nos fazendo um favor. Se estamos te torturando, provavelmente estamos torturando outras 10 ou 100 mil pessoas'", afirma Dimon. "Eu acho que CEOs, ou mesmo qualquer líder empresarial, que não consegue sair por estar muito ocupado, está cometendo um grande erro."
Para ele, se o líder não tem noção do que está acontecendo fora de sua sala, ele eventualmente vai falhar.
Dimon é conhecido mundialmente por acreditar em habilidades acima de diplomas. Para ele, notas altas e a capacidade de pagar por uma boa faculdade não fazem um bom profissional ou mesmo uma boa pessoa. Por isso, entre os seus mais de 24 mil funcionários, muitos são ex-detentos.
Em sua visão, o que mais importa são as habilidades que acabam não entrando no currículo. “Tem muito talento lá fora e nós precisamos explorar isso”, complementa o executivo.
Pendurar o chapéu
Dimon é o CEO mais antigo de Wall Street. E é, também, o que convive há tempos com os questionamentos sobre quando planeja deixar a direção da operação.
Em maio, o executivo de 68 anos, que sempre respondia que sua aposentadoria chegaria em cinco anos, surpreendeu:
“O cronograma não é mais de cinco anos”, afirmou Dimon. Ele ressaltou que sua sucessão está bem encaminhada e deu a entender que sua aposentadoria pode acontecer antes do esperado pelo mercado.