Exatamente três semanas depois de fechar a aquisição do banco americano M.Y. Safra Bank, no passo mais ambicioso para reforçar suas operações nos Estados Unidos, o BTG Pactual está indo novamente às compras para ampliar suas fronteiras. Dessa vez, porém, para uma nova linha de negócio.

O banco de André Esteves anunciou a aquisição de 100% do capital da Sertrading na manhã desta quinta-feira, 18 de julho. Fundada em 2001 e especializada em importação, além da atuação com exportação, a empresa brasileira traz um novo território a ser explorado pelo BTG.

“A aquisição é estratégica para o BTG Pactual, pois vai permitir nossa entrada no setor de comércio exterior, acessando uma nova base de clientes”, afirmou, em nota, Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, ressaltando que o banco passa a oferecer um portfólio ainda mais completo para seus clientes.

Como parte do acordo que marca a estreia do banco nesse espaço, quatros dos atuais 13 acionistas da empresa de comércio exterior passarão a ser sócios do BTG Pactual. Essa relação inclui o fundador e CEO Alfredo de Goeye, além de Luciano Sapata, Thiago Pontes e Robson Reis.

O quarteto também irá comandar a nova linha de negócios no BTG. Os demais acionistas da Sertrading permanecerão como executivos dessa operação, assim como os cerca de 320 funcionários da companhia, que serão incorporados a essa estrutura dentro do banco.

“A Sertrading vem de um ritmo acelerado de crescimento nos últimos anos e as sinergias que vamos obter nos juntando ao BTG Pactual representam uma oportunidade de aumentar ainda mais os serviços que oferecemos aos nossos clientes”, disse Alfredo de Goeye, no comunicado.

A Sertrading saiu de um volume de R$ 5 bilhões em operações, em 2019, para R$ 19 bilhões, em 2023, ano em que alcançou um patrimônio líquido de cerca de R$ 400 milhões. Para 2024, a projeção é movimentar R$ 23 bilhões em transações, segundo fontes próximas à empresa.

Com maior ênfase em importação, seu portfólio inclui serviços que cobrem de ponta a ponta os trâmites financeiros, tributários e burocráticos nesse processo. Da compra de produtos ou matérias-primas no exterior e a nacionalização dessas mercadorias até a venda e a logística de entrega aos clientes.

Além da sede em São Paulo, a Sertrading tem oito filiais em estados como Santa Catarina, Espírito Santo e Pernambuco. E, a partir dessa estrutura, atende mais de 16 setores da economia, em uma lista que inclui segmentos como a indústria farmacêutica, de cosméticos, montadoras e aviação executiva.

Centrada em multinacionais e empresas nacionais de grande porte, sua carteira tem 110 clientes, com nomes como Ambev, Ford, PepsiCo e P&G. E, segundo fontes a par do acordo, a complementaridade com a base do BTG e o potencial de vendas cruzadas foram os principais fatores por trás da transação.

Nessa composição, a exploração das respectivas bases e a oferta de um leque mais robusto de produtos financeiros aos clientes da Sertrading serão alguns dos focos do negócio. Assim como o eventual investimento em ativos logísticos e o plano de ampliar as operações de exportação.

Conforme apurou o NeoFeed junto a pessoas próximas da transação, com essa “união de forças”, BTG Pactual e Sertrading miram abocanhar uma fatia muito mais significativa de um mercado endereçável de mais de US$ 2 trilhões.

A busca por encorpar essa cifra e a entrada em um novo segmento acontecem em um contexto em que o BTG Pactual vêm entregando indicadores recorde em seus balanços. O mais recente deles, relativo ao primeiro trimestre de 2024, também seguiu nessa direção.

Entre janeiro e março desse ano, o banco bateu sua marca, por exemplo, na linha da receita, em que registrou um salto de 22,7% na comparação com igual período de 2023, para R$ 5,9 bilhões. O lucro líquido no período também foi recorde, de R$ 2,9 bilhões, alta de 28%.

A unit BPAC11 do BTG encerrou o pregão da quarta-feira, 17 de julho, com alta de 1,34%. No ano, porém, a queda acumulada é de 13,6%. O banco está avaliado em R$ 140,4 bilhões.