As ações da Braskem abriram o dia na B3 em queda de mais de 3% e, por volta das 11h20, os papéis lideravam as perdas na bolsa de valores brasileira, ao registrarem um recuo de 5,33%, para o patamar de R$ 21,85.

O clima não parece, de fato, favorável para a companhia. Mais cedo, o BTG Pactual observou que a petroquímica está “navegando contra o vento” e revisou sua classificação, de compra para neutra, além de rebaixar o preço-alvo da ação, de R$ 36 para R$ 26.

No relatório, os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte afirmam que iniciaram 2023 mais otimistas em relação à Braskem, a partir da perspectiva de uma demanda global mais forte e de um aumento mais gradual da oferta de resinas.

O cenário se mostrou bem diferente, porém, no decorrer do ano, com a demanda abaixo das expectativas. Em contrapartida, o banco ressalta que, na outra ponta, o mercado vive um contexto de excesso de oferta, o que traz complicações no horizonte da empresa.

“Os spreads da Braskem não se recuperaram (na verdade, seguem em níveis muito baixos) e o segundo semestre de 2023 poderá ser ainda mais fraco que o primeiro semestre”, escrevem os analistas, citando ainda que as ações do grupo estão sendo negociadas em múltiplos mais elevados que seus pares.

Em relação à demanda, o relatório aponta que há um otimismo crescente sobre os impactos dos pacotes de incentivo do governo chinês sobre a economia local. Mas o BTG acredita que isso terá efeitos limitados para a Braskem, no curto prazo, e prevê que o excesso de oferta se prolongue por mais tempo.

Nesse cenário, os analistas projetam um aumento na alavancagem na operação, de 11,7 vezes, no segundo trimestre, para 13,6 vezes no fim de 2023. A dupla também projeta uma queima adicional de fluxo de caixa livre de US$ 650 milhões, no segundo semestre, e de US$ 528 milhões em 2024.

O relatório também aborda as negociações para a venda do controle da Braskem, hoje nas mãos da Novonor. E, apesar de citar o “entusiasmo” dos investidores com as três ofertas na mesa – Unipar, J&F e Adnoc -, o banco aponta que a visibilidade sobre um acordo, no curto prazo, permanece baixa.

“Acreditamos que a Braskem será, eventualmente, vendida. Mas a incerteza reside em saber se os acionistas minoritários se beneficiarão do direito de tag along. Entre as três ofertas, a proposta da Unipar parece a mais favorável aos minoritários”, observa o banco.

Em 2023, as ações da Braskem registram uma desvalorização superior a 8%. Nos últimos doze meses, a queda acumulada é de mais de 26%. A empresa está avaliada em R$ 17,7 bilhões.