A cinco meses de completar três anos no comando do Citigroup, a CEO Jane Fraser tem pela frente o desafio de reverter uma jornada, até aqui, conturbada sob sua gestão. E os passos mais recentes dessa agenda acabam de ser divulgados.

Na quarta-feira, 13 de setembro, o banco americano anunciou o que classificou como “mudanças significativas” em seu modelo organizacional, com o objetivo de eliminar camadas de gestão e simplificar sua atuação na ponta dos clientes.

“Estou determinada em fazer com que o nosso banco atinja todo o seu potencial e estamos tomando decisões ousadas para endereçar os compromissos com todos os nossos stakeholders”, afirmou, em nota, a executiva.

Na prática, o resultado desse movimento é a divisão da operação em cinco unidades de negócios. São elas: personal banking; wealth management; investment e commercial banking; trading e serviços institucionais.

Até então, o modelo do banco envolvia, basicamente, duas divisões, de consumidores e grandes clientes institucionais. Com a nova estrutura, os executivos à frente de cada unidade irão se reportar diretamente a Fraser.

A CEO ressaltou que as mudanças “eliminam a complexidade desnecessária” em todo o banco, além de ampliar a responsabilidade na prestação de serviços aos clientes e de fortalecerem as “conexões naturais” que existem entre os negócios do grupo.

Na visão da executiva e do banco, esse formato permitirá que cada um desses executivos tenha maior influência na estratégia e na execução dos planos do Citigroup. “Isso também dará maior transparência aos investidores maior sobre os nossos negócios principais”, acrescentou o banco, na nota.

Em linha com essa orientação de uma organização mais enxuta, a companhia também anunciou mudanças sob a ótica de geografias. O banco nomeou Ernesto Torres Cantú como novo head dos negócios internacionais, área que irá compartilhar a estrutura com a unidade de banking.

A estratégia envolve ainda a criação de uma área, que será responsável por fortalecer a experiência dos clientes em toda a rede global do banco. E que será comandada pelo Chief Client Officer David Livingstone.

Segundo a agência Reuters, à parte desses anúncios e do comunicado oficial, Fraser enviou um memorando aos funcionários dizendo que as decisões resultariam “na mudança de funções ou na saída de pessoas da empresa”. Não há informações, porém, sobre o volume de demissões.

Procurado pelo NeoFeed, por meio de sua assessoria de imprensa, o Citigroup não se posicionou a respeito de possíveis impactos na operação brasileira até o fechamento desta reportagem. No País, o banco fechou 2022 com um lucro líquido de R$ 2,6 bilhões, alta de 53% sobre 2021, e um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 22,4%, ante 16% no ano anterior.

Enquanto anuncia essa reorganização, o Citigroup vê suas ações cumprirem, há um bom tempo, uma trajetória descendente na Bolsa de Nova York. Levando-se em conta o fechamento do pregão da terça-feira, os papéis recuam 7,8%, em 2023.

Nos últimos doze meses, a queda é de 13,3%. E, desde fevereiro de 2021, quando Fraser assumiu o comando da operação, a retração se aproxima de 40%, com as ações negociadas abaixo de seus principais pares americanos e em patamares próximos aos da crise de 2008.

A reação inicial do mercado à reorganização tem sido, no entanto, favorável até o momento. Por volta das 11h50 (horário local), as ações do Citigroup, avaliado em US$ 81,9 bilhões, estavam sendo negociadas com alta de 2,06%, a US$ 42,54.