Na noite de segunda-feira, 17 de novembro, o empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, dirigia-se ao aeroporto de Guarulhos, onde embarcaria em seu jato Falcon 7X, numa suposta tentativa de fuga do País em direção a Malta, segundo apurou o NeoFeed. Ao chegar ao terminal executivo, encontrou o aeroporto com 15 agentes da Polícia Federal, que o prenderam por volta das 22h30.

Esse foi o início da derrocada do Banco Master. Na manhã de terça-feira, 18 de novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição, apenas um dia após o Grupo Fictor anunciar sua compra, prometendo um aporte de R$ 3 bilhões provenientes de um consórcio de investidores árabes.

Assinado pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o termo também determina a liquidação judicial da Master S.A. Corretora de Câmbio. A EFB Regimes Especiais de Empresas foi nomeada como liquidante, com amplos poderes de administração e liquidação.

A prisão de Vorcaro faz parte da Operação Compliance Zero, que combate a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional. Estão sendo investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.

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Daniel Vorcaro, do Banco Master

A PF cumpre também cinco mandados de prisão preventiva, dois mandados de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi também afastado do comando do banco estadual de Brasília pelo prazo de 60 dias.

A decisão de prisão de Daniel Vorcaro e da liquidação do Banco Master ocorre após duas tentativas frustradas de se encontrar uma solução de mercado à instituição financeira, que havia se alavancado com uma estratégia agressiva de captação.

O banco chegou a pagar 140% do CDI em seus CDBs. E fechou 2024 com um volume de depósitos de aproximadamente R$ 50 bilhões, o que, na prática, representava quase a metade da liquidez do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), de R$ 107,8 bilhões no período.

Esse número, atualmente, é maior. Dados do sistema IFData, do Banco Central, mostram que o Master tinha R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em março deste ano.

Em entrevista ao NeoFeed, antes da liquidação extrajudicial do Banco Master, os sócios do Grupo Fictor, Phillippe Rubini, sócio e responsável pelas Relações Corporativas da Fictor Holding, Rafael Paixão, CSO do grupo, haviam dito que ficaram com a maior parte dos CDBs do Banco Master.

Eles também acrescentaram que o negócio, que havia sido comunicado ao Banco Central, que precisava dar a sua aprovação, estava condicionada às vendas do Will Bank e Banco Master de Investimento.

A tentativa de comprar o Banco Master pelo BRB não foi a única frustrada. Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de adquirir 58% do capital do Master. A operação, avaliada em cerca de R$ 1,5 bilhão, chegou a receber sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e apoio político da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

O Banco Central, no entanto, barrou a transação, alegando falta de comprovação da viabilidade econômico-financeira do negócio e riscos operacionais relevantes em setembro deste ano.

Na ocasião, o mercado financeiro acreditava que era questão de tempo até uma liquidação extrajudicial do Banco Master, que estava ficando sem alternativas para resolver sua questão de liquidez.