Com US$ 5,5 trilhões em ativos sob gestão, o UBS administra uma parcela considerável das fortunas de bilionários em todo mundo. E, a partir dessa carteira, parece ter encontrado um atalho para capturar novos clientes e ampliar o volume de recursos desse perfil tão seleto sob sua alçada.

Realizado anualmente junto à base de “endinheirados” do banco suíço, o estudo Billionaire Ambitions Report mostra que, pela primeira vez em nove edições da pesquisa, a nova geração de bilionários acumulou mais riquezas por meio de heranças do que pelo empreendedorismo e a criação de riqueza.

Segundo o levantamento do UBS, em 2023, um total de US$ 150,8 bilhões foi transferido para 53 herdeiros. O montante superou os US$ 140,7 bilhões gerados por 84 novos membros da lista de bilionários globais.

“Esse é um tema que esperamos ver mais nos próximos 20 anos, à medida que mais de mil bilionários transferirem cerca de US$ 5,2 trilhões para os seus filhos”, afirmou Benjamin Cavalli, head de clientes estratégicos do UBS Global Wealth Management.

De acordo com a pesquisa, o número de bilionários cresceu 7% nos últimos 12 meses, passando de 2.376 para 2.544 pessoas. Já a soma dos recursos nessas contas bancárias teve um salto de 9%, para US$ 12 trilhões, após uma queda de quase 20% em igual período de 2022.

Apesar de destacar o papel da transferência de riqueza para reforçar essa lista, o UBS observou que os novos integrantes do clube do bilhão têm visões diferentes sobre negócios, investimentos e filantropia na comparação com as gerações anteriores.

Um dos pontos ressaltados é a inclinação para o empreendedorismo dos herdeiros. Nesse caminho, porém, mais da metade dos participantes disseram estar dispostos a se afastar dos negócios de suas famílias para buscar opções mais condizentes com suas ambições e competências.

Em outro recorte, a nova geração lista entre suas principais preocupações as pressões inflacionárias (57% dos entrevistados) e a disponibilidade e o preço das matérias-primas (52%). Já os bilionários “old school” citam uma potencial recessão nos Estados Unidos (66%) e as tensões geopolíticas (62%).

Já no que diz respeito a investimentos, 43% dos bilionários da primeira geração planejam aumentar suas alocações em dívida privada nos próximos doze meses. Entre os herdeiros, o investimento em fundos de private equity foi a principal alternativa citada, com 59%.

Ao mesmo tempo, boa parte dos herdeiros entende como necessário o reposicionamento do patrimônio para dar sequência ao legado da família. E elenca áreas como tecnologias inovadoras, energia limpa e investimentos de impacto como opções nessa virada de chave.

Há um consenso, porém, entre as duas gerações em relação à inteligência artificial generativa, com 65% dos entrevistados apontando esse conceito como uma das grandes oportunidades para os seus negócios nos próximos 12 meses.

Da mesma forma, à medida que essa tecnologia ganha terreno, 58% dos participantes elegeram as ameaças cibernéticas e os ataques no campo da segurança digital como o maior risco para as suas empresas.

Em um dado adicional, apesar de frisar que os bilionários ligados a empresas inovadoras em tecnologia e saúde tenham acumulado o maior volume de riqueza na última década, o UBS ressalta que já há sinais de ganhos consideráveis em negócios ligados a ativos industriais.

O banco suíço aponta que as riquezas geradas a partir de operações dessa natureza cresceram 15% no período. E acrescenta que essa tendência deve seguir avançando em meio a fatores como a transição energética.