Depois de ver as ações registrarem a pior queda desde a abertura de capital, em 2018, o conselho de administração da Hapvida aprovou um novo programa de recompra de ações mirando até 70 milhões de ações.
Segundo o fato relevante, o programa substitui a iniciativa existente e visa a “maximizar a geração de valor para os acionistas por meio de uma administração eficiente da estrutura de capital”. No formulário de referência, a companhia informa ter 263,3 milhões de ações em circulação.
O programa tem previsão de durar 18 meses, contados a partir do pregão de ontem, quando as ações da Hapvida despencaram 42,2%, a R$ 18,89 – no ano, os papéis acumulam baixa de 41,9%, levando o valor de mercado a R$ 9,5 bilhões.
O estopim para o sell-off foram os resultados do terceiro trimestre, que vieram tão abaixo da média das expectativas e com tantas sinalizações negativas sobre o que vem por aí que os investidores perderam a paciência com as promessas da companhia, de que as coisas iriam melhorar, e decidiram se desfazer dos papéis.
Isso ficou claro com o volume financeiro que as ações da Hapvida registraram no pregão de ontem. Nos últimos 30 dias, o volume financeiro médio movimentado nas ações foi de R$ 131,7 milhões. No pregão de ontem foi de R$ 1,36 bilhão. O total de negócios movimentados é de pouco menos de 12 mil. Ontem, ficou acima de 70 mil negócios.
O balanço do terceiro trimestre trouxe uma série de notícias negativas do lado das operações – menor número de novos clientes, tíquete médio abaixo do previsto, alta da sinistralidade e impactos do inverno mais rigoroso, que elevou casos de viroses.
A Hapvida até conseguiu melhorar o prejuízo líquido em 20% em base anual, para R$ 57 milhões, mas o resultado decepcionou muito, considerando que a média das estimativas apontava para um lucro de R$ 253 milhões, segundo a Bloomberg. Em termos ajustados, o lucro subiu 4,1%, para R$ 337,7 milhões.
A queda das ações foi tão grande que a família Pinheiro, fundadora e controladora da Hapvida, compraram um volume relevante de papéis, segundo apurou o jornal Valor Econômico.
O resultado fez com que o J.P. Morgan rebaixasse a recomendação das ações de “compra” para “neutra” e cortou o preço-alvo de R$ 52 para R$ 39. Os analistas destacaram que os investimentos realizados pela Hapvida para melhorar suas operações ainda não geram retorno, enquanto a Amil começa a se consolidar como concorrente relevante em São Paulo.
O BTG Pactual cortou o preço-alvo das ações da Hapvida de R$ 67 para R$ 50. O banco manteve a recomendação de compra, mas reconheceu que houve perda de confiança na companhia.