Cinco dias depois recomendar a compra das ações da Porto, o BTG Pactual foi adiante e elevou o preço-alvo dos papéis da seguradora de R$ 30 para R$ 35, em relatório assinado pelos analistas Thiago Paura, Eduardo Rosman e Ricardo Buchpiguel. O novo valor representa um potencial de alta de 35%, incluindo dividendos, em relação aos atuais patamares.

A decisão de subir o preço-alvo ocorreu após os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) apontarem que o índice de sinistralidade consolidado da Porto alcançou 46% em abril, 11 pontos percentuais abaixo do registrado em março e 12 pontos percentuais menor que o apurado no mesmo período de 2022.

A queda da sinistralidade – puxada pelo recuo de 10 pontos percentuais em base anual na frente de automóveis, com o índice atingindo 50,7% em abril, bem menor que os 60% esperados – foi o principal fator para os analistas do BTG Pactual revisarem para cima a perspectiva para o lucro no segundo trimestre, para R$ 575 milhões. O valor está 20% acima do consenso e representa um crescimento de 543% em relação ao resultado do segundo trimestre do ano anterior.

“Embora antecipemos um aumento do índice de sinistralidade em maio e junho, pelo fato desses meses terem mais dias úteis que abril, ainda esperamos um índice de sinistralidade de 56% (versus os 60% esperados anteriormente), sinalizando uma grande melhora em termos trimestrais”, diz trecho do relatório.

O tema é relevante na avaliação do BTG Pactual a respeito da Porto. Quando reduziram a recomendação para as ações a neutro em agosto de 2022, os analistas citaram a falta de perspectiva de melhora da sinistralidade da parte automotiva, afirmando que faltavam dados para saber quando (e quanto) o índice melhoraria.

Agora, a queda da sinistralidade, com perspectiva de permanecer em patamares razoáveis, combinada com a expectativa de melhora da linha financeira do balanço, diante dos efeitos da queda da curva de juros, e os efeitos dos juros sobre capital próprio (JCP) sobre a base de tributos da empresa animaram os analistas do BTG Pactual em relação ao que vem por aí em termos de resultados.

“Depois de ajustar as projeções para o segundo trimestre, o segundo semestre deste ano é mais do que razoável acreditar que a Porto apresentará um lucro líquido na casa dos R$ 2 bilhões neste ano, 9% acima da nossa estimativa anterior, 10% acima do consenso do mercado e 85% superior ao registrado no mesmo período de 2022”, diz um trecho do relatório.

O otimismo do BTG Pactual com a Porto transbordou para os próximos anos, com os analistas elevando as projeções para o lucro líquido em 2024 em 3%, para R$ 2,2 bilhões, e a expectativa para 2025 em 1%, a R$ 2,3 bilhões. Os montantes estão 6% e 1% acima das expectativas do mercado, respectivamente.

O bom humor vem num momento em que a companhia passa por uma fase de transição, com mudanças na estrutura e divisão da operação nos segmentos Porto Seguro, Porto Saúde e Porto Bank, e com a escolha de Paulo Kakinoff para ser o novo CEO.

O otimismo com as projeções se une com o valuation das ações da Porto, considerada atrativa para a equipe de research do BTG Pactual. Mesmo subindo quase 5% no pregão de sexta-feira, dia 9 de junho, os analistas pontuaram que os múltiplos estão em bons patamares, com o P/E para 2023 em 8,7 vezes e o de 2024 em 8 vezes.

As ações da Porto fecharam o pregão desta segunda-feira, dia 12 de junho, com queda 2,03%, a R$ 26,55. No acumulado do ano, elas registram alta de 14,7%, levando o valor de mercado a R$ 17,3 bilhões.