As notícias sobre a "morte" do petróleo parecem precipitadas. Em 11 de outubro, a americana Exxon Mobil anunciou a compra da Pioneer Natural Resources, por cerca de US$ 60 bilhões. A transação configurou um dos maiores M&As do setor de petróleo e gás em duas décadas.
Agora, é a vez da Chevron, sua rival e conterrânea, fechar um mega-acordo. A empresa informou nesta segunda-feira, 23 de outubro, que está comprando a americana Hess Corporation, produtora de petróleo e gás, em uma transação de US$ 53 bilhões, baseada 100% na troca de ações.
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Nos termos do acordo, que avalia a Hess em US$ 60 bilhões, a Chevron vai pagar US$ 171 por cada ação, o que representa um prêmio de 10,3% em relação à cotação média dos papéis da Hess nos 20 pregões anteriores ao último dia 20 de outubro.
Para efetivar a transação, os acionistas da Hess receberão 1,0250 ações da Chevron para cada ação envolvida na operação. Após a conclusão do processo, a Chevron terá emitido cerca de 317 milhões de ações ordinárias.
“Essa combinação fortalece o nosso desempenho no longo prazo e melhor ainda mais o nosso portfólio, adicionando ativos de classe mundial”, afirmou, em nota, Mike Wirth, chairman e CEO da Chevron, sobre a aquisição, que deve ser concluída no primeiro semestre de 2024.
No portfólio a ser incorporado, a Chevron ressaltou a operação no bloco Stabroek, na Guiana, por suas margens “líderes do setor” e baixa intensidade de carbono, além de apontar que os ativos em Bakken, no estado da Dakota do Norte, reforçam sua liderança na produção de xisto nos EUA.
A gigante americana destacou ainda os ativos detidos pela Hess no Golfo do México e as operações de gás natural da empresa no Sudeste Asiático. John Hess, CEO da Hess e que deve passar a integrar o board da Chevron, também comentou a transação.
“Acredito que a nossa combinação estratégica cria uma empresa mais forte em todos os aspectos, com liderança, carteira de ativos e recursos financeiros para nos guiar na transição energética e proporcionar um valor significativo aos acionistas nos próximos anos”, observou Hess.
Os dois mega-acordos em um intervalo de duas semanas sinalizam uma abertura para a consolidação na indústria de petróleo e gás. Especialmente em um contexto no qual as empresas do setor estão com o caixa reforçado após a escalada dos preços de energia na trilha dos conflitos na Ucrânia.
No caso da Chevron, entre outros recursos, o acordo bilionário dá a empresa uma fatia de 30% em mais de 11 bilhões de barris de petróleo equivalentes de recursos recuperáveis na Guiana. Com essas e outras operações, a empresa projeta um aumento do seu fluxo de caixa por ação a partir de 2025.
Esse crescimento acontecerá após o alcance de sinergias de custos da combinação das duas empresas. Segundo a Chevron, a projeção é de atingir um patamar nessa linha de aproximadamente US$ 1 bilhão, em até um ano após o fechamento da transação.
A companhia também informou que espera ampliar seus dividendos em 8% no primeiro trimestre de 2024, para US$ 1,63 por ação, e que planeja aumentar sua recompra de ações, num cenário de alta contínua dos preços do petróleo, além de gerar entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões com a venda de ativos até 2028.
As ações da Chevron encerraram o pregão da última sexta-feira com queda de 1,34%. Já no pre-market dessa segunda-feira na Bolsa de Nova York, os papéis registravam um recuo de 2,57% por volta das 8h11 (horário local). A empresa está avaliada em US$ 318,2 bilhões.