A Oncoclínicas aprovou nesta terça-feira, 16 de setembro, um aumento de capital, como antecipado pela apuração do NeoFeed. Todos os termos deverão ser votados na assembleia geral extraordinária prevista para 8 de outubro.
A operação prevê a emissão de até 666,66 milhões de ações, cada uma a R$ 3, perfazendo um montante máximo de R$ 2 bilhões. O aumento de capital máximo será de R$ 2 bilhões e o mínimo de R$ 1 bilhão. O preço definido por ação representa um desconto de 0,66% em relação ao preço do último fechamento.
Cada ação subscrita dará direito a um bônus de subscrição, que poderá ser exercido ao longo de dois anos a critério do detentor do bônus.
A operação faz parte de um plano para reduzir sua alavancagem financeira e reforçar o caixa e prevê a participação dos atuais credores da companhia.
O tamanho da dívida que será convertida em ações dependerá da adesão dos atuais acionistas da companhia, que terão direito de preferência no aumento de capital.
Os principais acionistas da Oncoclínicas são o fundo Centaurus, que tem 37% do capital, o Banco Master, com 15%; a Latache, com 14%, e o CEO Bruno Ferrari, com 8%.
O movimento era aguardado pelo mercado, que via na operação a única maneira de a companhia se recuperar em meio ao elevado endividamento, que no último trimestre chegou a 4,4 vezes o Ebitda.
O caminho para a operação foi aberto na assembleia geral extraordinária realizada em 9 de setembro de 2025, quando os acionistas aprovaram a alteração estatutária para ampliar o limite do capital autorizado da Oncoclínicas de 800 milhões de ações para 1,3 bilhão. Na última noite, o Conselho aprovou a ampliação desse limite para até 3,5 bilhões de ações de forma a acomodar as ações subscritas e seus respectivos bônus. A empresa já tem cerca de 668 milhões de ações emitidas.
A companhia teve a Rothschild&Co Brasil como assessora financeira e o Spinelli Advogados como assessor legal da operação.
Com a aprovação do aumento de capital, a Oncoclinicas tira da mesa a proposta da gestora Starboard, que previa a conversão de dívida em ações, um aporte adicional e a concessão de bônus de subscrição.
A gestora de ativos distressed também projetava mudanças na governança corporativa, com a substituição de Bruno Ferrari, o CEO e fundador da Oncoclínicas, a indicação de conselheiros e de um chief restructuring officer (CRO).
Mesmo com a recusa da oferta da Starboard, o NeoFeed apurou que há um acordo entre os principais acionistas da empresa para que Ferrari deixe o cargo de CEO após a conclusão do aumento de capital. A empresa, liderada por Ferrari, fundador e acionista minoritário, nega a informação e reafirma que o executivo segue no cargo.
Além do aumento de capital, a companhia tem adotado outras medidas para reduzir a alavancagem, como a venda de ativos fora da área de oncologia – entre eles, hospitais que geravam queima de caixa.
A Oncoclínicas também tem promovido cortes de despesas, incluindo a interrupção de projetos avaliados internamente como dispendiosos, como o plano de expansão na Arábia Saudita.
As ações da Oncoclínicas encerraram o pregão de terça, 16, em queda de 3,82%, a R$ 3,02, com valor de mercado de R$ 2 bilhões. No ano, os papéis acumulam alta de 29%.
*Matéria atualizada às 8h42 de quarta-feira, 17, com mais informações sobre o aumento de capital.