A Oncoclínicas aprovou nesta terça-feira, 16 de setembro, um aumento de capital de cerca de R$ 1,5 bilhão, excluídos do calculo os bônus de subscrição, de acordo com apuração do NeoFeed. A operação faz parte de um plano para reduzir sua alavancagem financeira e reforçar o caixa e prevê a participação dos atuais credores da companhia.
O tamanho da dívida que será convertida em ações dependerá da adesão dos atuais acionistas da companhia, que terão direito de preferência no aumento de capital.
Os principais acionistas da Oncoclínicas são o fundo Centaurus, que tem 37% do capital, o Banco Master, com 15%; a Latache, com 14%, e o CEO Bruno Ferrari, com 8%.
Cada ação subscrita dará direito a dois bônus de subscrição, que poderão ser exercidos ao longo de três anos a critério do detentor do bônus. As discussões iniciais previam apenas um bônus por ação subscrita.
O movimento era aguardado pelo mercado, que via na operação a única maneira de a companhia se recuperar em meio ao elevado endividamento, que no último trimestre chegou a 4,4 vezes o Ebitda.
O caminho para a operação foi aberto na assembleia geral extraordinária realizada em 9 de setembro de 2025, quando os acionistas aprovaram a alteração estatutária para ampliar o limite do capital autorizado da Oncoclínicas de 800 milhões de ações para 1,3 bilhão.
A companhia teve a Rothschild&Co Brasil como assessora financeira e o Spinelli Advogados como assessor legal da operação.
Com a aprovação do aumento de capital, a Oncoclinicas tira da mesa a proposta da gestora Starboard, que previa a conversão de dívida em ações, um aporte adicional e a concessão de bônus de subscrição.
A gestora de ativos distressed também projetava mudanças na governança corporativa, com a substituição de Bruno Ferrari, o CEO e fundador da Oncoclínicas, a indicação de conselheiros e de um chief restructuring officer (CRO).
Mesmo com a recusa da oferta da Starboard, os acionistas da Oncoclínicas firmaram um acordo para que Ferrari deixe o cargo de CEO após a conclusão do aumento de capital, conforme apuração do NeoFeed. Ferrari continuará ligado à empresa como membro do conselho de administração.
Além do aumento de capital, a companhia tem adotado outras medidas para reduzir a alavancagem, como a venda de ativos fora da área de oncologia – entre eles, hospitais que geravam queima de caixa.
A Oncoclínicas também tem promovido cortes de despesas, incluindo a interrupção de projetos avaliados internamente como dispendiosos, como o plano de expansão na Arábia Saudita.
As ações da Oncoclínicas encerraram o pregão de terça, 16, em queda de 3,82%, a R$ 3,02, com valor de mercado de R$ 2 bilhões. No ano, os papéis acumulam alta de 29%.