Colega de quarto de Mark Zuckerberg em Harvard, o brasileiro Eduardo Saverin ganhou fama como o primeiro investidor do Facebook e um dos fundadores da rede social criada em 2004. Entretanto, no ano seguinte, em uma manobra do “amigo”, teve suas ações diluídas e foi “expulso” da empresa.
O caso alcançou a esfera judicial e, tempos depois, as duas partes chegaram a um acordo fora da corte. Os termos nunca foram divulgados, mas o fato é que, tempos depois, Saverin ingressou no clube seleto dos bilionários, de onde nunca mais saiu. Hoje, sua fortuna é estimada em US$ 7,4 bilhões.
Passados quase 20 anos do imbróglio, atualmente, Zuckerberg lida com o desafio de reconquistar os investidores na agora rebatizada Meta que, em pouco mais de um ano, perdeu mais de 60% de seu valor de mercado. Longe dos holofotes, Saverin, por sua vez, parece viver dias mais favoráveis.
O B Capital Group, empresa de capital de risco que tem o brasileiro entre seus fundadores, anunciou nesta quinta-feira, 19 de janeiro, que fechou a captação do seu terceiro fundo de venture growth com recursos da ordem de US$ 2,1 bilhões.
“O portfólio do Growth Fund III inclui empresas que estão transformando seus respectivos setores e gerando impacto significativo”, disse, em nota, Saverin. “Essa estratégia multifacetada e com visão de futuro estabelece uma base para o crescimento consistente do portfólio e o sucesso da companhia.”
Já em um complemento à agência Bloomberg, o brasileiro abordou justamente um entre tantos pontos que ajudam a explicar a derrocada da Meta, liderada por seu ex-colega de quarto.
“A história mostrou que os tempos voláteis oferecem um terreno fértil para ideias e inovações revolucionárias”, afirmou Saverin. “Estamos entusiasmados com as oportunidades que temos pela frente nos setores em evolução nos quais investimos.”
Cofundador da B Capital, Raj Ganguly reforçou esse coro ao afirmar que, enquanto as empresas listadas de tecnologia estão sofrendo com o ceticismo dos investidores, no mercado privado, a correção nos valuations faz com que o momento seja bastante propício para novos investimentos.
No caso específico desse fundo, a tese da empresa está centrada em operações de tecnologia com potencial de crescimento global em segmentos como fintechs, saúde e software, com maior ênfase nos mercados dos Estados Unidos e da Ásia.
Fundada em 2015, a B Capital tem US$ 6,3 bilhões em ativos sob gestão, distribuídos em diversos fundos, com investimentos em diferentes estágios de empresas. Segundo dados do portal Crunchbase, a companhia já investiu em 185 empresas, liderando 87 rodadas nessas operações.
Em seu cheque mais recente, na semana passada, a empresa liderou um aporte de US$ 8,5 milhões na americana Nest Genomics, companhia de software que atua no segmento de genética. A rodada contou ainda com a participação de nomes como a Y Combinator.
A lista de investidas da B Capital inclui ainda startups como a Atomwise, de diagnósticos inteligentes; a Overstory, de inteligência artificial; a Zesty.co, de infraestrutura na nuvem; e a Yalo, que desenvolve chatbots para grandes empresas.
Na outra ponta, a gestora acumula sete desinvestimentos. Entre eles, a aiMotive, empresa de software comprada em novembro do ano passado pela Stellantis, grupo automotivo dono de marcas como Fiat, Peugeot, Citröen, Alfa Romeo e Jeep.