Mais de um ano após a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, o regulador financeiro suíço terminou a sua análise e decidiu, nesta quarta-feira (19), que a aquisição não cria problemas de concorrência no setor bancário local. A decisão é contrária ao órgão de fiscalização antitruste do país, que tem afirmado que a megafusão merecia um exame mais minucioso.
Em comunicado, o regulador financeiro suíço FINMA afirma que "a fusão do UBS e do Credit Suisse não eliminará a concorrência efetiva em nenhum segmento de mercado”.
Com a decisão, ações antitruste ou uma regulação mais afiada para o setor bancário suíço após a fusão aprovada de forma emergencial no ano passado ficam descartadas.
Na Suíça tem ocorrido um grande debate sobre o tamanho e o poder que o UBS obteve com a compra resgate de seu principal concorrente arquitetada pelo governo. Analistas afirmam que o banco passou a ter uma posição local muito dominante em áreas como empréstimo e dívida corporativa.
A decisão surge na sequência de um relatório mais crítico, tornado público apenas nesta quarta-feira, 19 de junho, pela autoridade suíça de concorrência, COMCO. O relatório foi enviado em setembro à FINMA, cuja decisão basicamente traçou um limite sobre a questão.
Num texto de 173 páginas, o COMCO concluiu recomendando que a FINMA não apenas abrisse uma “revisão preliminar”, mas também um exame mais “aprofundado” do assunto, sinalizando preocupações. Dentre elas, reclamações dos clientes sobre aumento de preços. O texto afirma ainda que a aquisição enfraqueceu a concorrência na gestão de ativos e em corporate banking.
O órgão de fiscalização também pediu as autoridades de supervisão e aos legisladores que garantam que a entrada de novos bancos no mercado ou a expansão dos já existentes do mercado não sejam prejudicadas, dizendo que uma "concessão rápida de autorização a bancos estrangeiros seria benéfica para uma concorrência efetiva".
No entanto, o papel da avaliação do COMCO foi restrito pelas autoridades suíças utilizando leis de emergência nacional para impedir uma crise bancária. Agora, a agência só pode examinar a posição do UBS em mercados específicos no que diz respeito a questões relacionadas com a concorrência.
Sobre isso, a FINMA disse que continuará a “monitorar de perto” a integração UBS-Credit Suisse do ponto de vista da supervisão.
Com o ponto final dado pelo relatório da FINMA hoje, o UBS afirmou que continuará a implementar a sua integração do Credit Suisse. As ações do banco estão sendo negociadas com um ligeira alta de 0,29% nesta manhã.
A compra do UBS pelo Credit Suisse, seu grande rival, devido à problemas com ativos fraudulentos, sendo o mais emblemático o caso Greensill Capital, foi o maior resgate bancário mundial desde a crise financeira de 2008, criando um banco de mais de US$ 5 trilhões.
Na época, foi considerado a venda dos ativos locais do Credit, mas isso acabou sendo descartado. Hoje, há um temor entre os suíços que qualquer problema no megabanco possa afetar a economia suíça.