Na noite desta segunda-feira, 15 de maio, a Hapvida divulga o seu resultado do primeiro trimestre de 2023. Os números são bastante aguardados, já que no fim de fevereiro, as ações da empresa desabaram com a apresentação do balanço de 2022, que decepcionou o mercado.

Desde então, o resgate da confiança dos investidores tem sido o foco da operadora de planos de saúde que, na manhã de hoje, deu mais um passo nessa direção. Em fato relevante, a companhia anunciou a venda da São Francisco Resgate (SF Resgate), sua subsidiária, em uma transação avaliada em R$ 150 milhões.

O contrato que sela o desinvestimento foi assinado com a ELO Conservação e Manutenção de Infraestrutura e está sujeito ao cumprimento de determinadas “condições precedentes”, o que inclui a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Com mais de 200 bases em 165 cidades do País e uma frota de mais de 220 ambulâncias próprias, a SF Resgate presta serviços de emergência médica. Atualmente, a operação atende 16 contratos divididos entre concessões rodoviárias, operações industriais e o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).

A venda do braço de serviços de emergência médica dialoga com outros dois movimentos recentes realizados pela Hapvida e faz parte de um contexto mais amplo, dentro de um pacote de socorro para melhorar a liquidez da operação.

Sob essa orientação, no fim de março, a empresa anunciou um acordo de sale & leaseback - venda seguida pela locação dos imóveis à própria empresa –, no valor de R$ 1,25 bilhão, para a venda de 10 imóveis de sua propriedade à família Pinheiro, fundadora e controladora da companhia.

Já no início de abril, foi a vez de a operadora divulgar a realização de uma oferta pública de distribuição primária de ações ordinárias, com a possibilidade de levantar mais de R$ 1 bilhão. No follow on, a família Pinheiro se comprometeu a subscrever e integralizar ações no valor total de R$ 360 milhões.

“A atual transação, em conjunto com as duas captações recentes, está inserida no contexto, já informado pela companhia, de otimização e fortalecimento da sua estrutura de capital, bem como maior foco em seu core business”, afirmou a Hapvida, no fato relevante divulgado nessa segunda-feira.

No documento, a companhia ressaltou ainda que a transação contribuirá para a manutenção no foco de suas estratégias, especialmente na “otimização de seus recursos para verticalização e integração com a NotreDame Intermédica”.

Anunciada em fevereiro de 2021 e aprovada no início do ano passado, a citada fusão com o Grupo NotreDame Intermédica também ajuda a explicar o fato de o mercado ter acendido o alerta em relação à Hapvida.

Em novembro de 2022, a companhia anunciou que Irlau Machado Filho iria deixar o conselho de administração e o cargo de co-CEO da empresa combinada, função que passou a exercer no processo de integração das duas operações.

A medida desagradou o mercado e, diante da reação bastante negativa, duas semanas depois, a Hapvida recalculou esse roteiro e divulgou que o executivo seguiria no board até 2024, além de integrar outros comitês da empresa.

Já no fim de fevereiro, a combinação desses sinais de indefinição com o resultado da companhia no quarto trimestre e no ano consolidado de 2022, colocou a empresa definitivamente sob os holofotes do mercado.

Entre outubro e dezembro, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 316,7 milhões, contra um lucro líquido de R$ 200,2 milhões em igual período, um ano antes. Em mais um dado negativo, a sinistralidade caixa da operação avançou 8,1 pontos percentuais, para 72,9%. Já a sinistralidade total cresceu 9,7 pontos percentuais, para 76,9%.

Nesse cenário, as ações da Hapvida acumulam uma desvalorização de 38,5% em 2023. Na última sexta-feira, dia 12 de maio, os papéis da companhia, avaliada em R$ 23,4 bilhões, encerraram o pregão com alta de 1,63%, cotadas a R$ 3,12.