Os volumes bilionários aplicados em transações relacionadas à inteligência artificial ganharam novos dígitos nesta segunda-feira, 8 de dezembro. E, dessa vez, quem movimentou esses ponteiros foi uma das veteranas do mercado de tecnologia.
A IBM anunciou a compra da também americana Confluent, empresa de infraestrutura de dados. E não economizou na transação. Nos termos do acordo, que tem previsão de conclusão em meados de 2026, a Big Blue vai pagar US$ 31 por ação, o que avalia o negócio em US$ 11 bilhões.
Em valores, esse é um dos principais M&As já fechados pela IBM, conhecida por sua veia inorgânica. E é a maior transação firmada pela companhia desde julho de 2019, quando concluiu a compra da Red Hat, por US$ 34 bilhões. O que encontra uma explicação justamente no apetite pela inteligência artificial.
“Juntas, a IBM e a Confluent permitirão que as empresas implementem a IA generativa de forma mais eficiente e rápida”, disse, em nota, Arvind Krishna, chairman e CEO da IBM. Com a aquisição, a IBM vai fornecer a plataforma de dados inteligente para TI corporativa, desenvolvida especificamente para IA.”
O cofundador e CEO da Confluent, Jay Kreps, acrescentou: “Estamos entusiasmados com o potencial de nos unirmos à IBM e de acelerarmos a nossa estratégia com a experiência de mercado, a escala global e o extenso portfólio da IBM”.
Com sede em Mountain View, na Califórnia, a Confluent é dona de uma plataforma de código aberto para a transmissão, em tempo real, de dados empresariais, o que, conforme destacou a IBM no comunicado sobre a transação, é fundamental para a implementação da inteligência artificial.
A IBM também ressaltou que, em 2025, o mercado endereçável da Confluent saiu de US$ 50 bilhões para US$ 100 bilhões. E que as ferramentas da empresa, combinados com seus softwares de infraestrutura de IA e ofertas de automação, vão posicionar os clientes para aproveitarem essa onda.
Fundada em 2014, a Confluent tem uma carteira de mais de 6,5 mil clientes em diversos setores – sendo que mais de 40% são empresas da Fortune 500. E mantém parcerias com players de tecnologia, como AWS, Microsoft e Anthropic, essa última, uma das principais rivais da OpenAI, a dona do ChatGPT.
A aquisição acontece em um contexto no qual a IBM tenta posicionar seus negócios – e reviver sua relevância no mercado de tecnologia – no hype da inteligência artificial. Um dos passos recentes nessa direção envolveu uma parceria justamente com a própria Anthropic.
Em outubro deste ano, a IBM e a Anthropic anunciaram um acordo que prevê a aceleração do desenvolvimento de recursos de inteligência artificial para empresas com a incorporação do Claude, modelo de linguagem da startup americana.
Parcerias à parte, a Big Blue também já deu outros sinais de seu apetite por M&As nesse espaço. Esse foi o caso da compra, em 2024, da HashiCorp. Feita com o racional de impulsionar suas ofertas de nuvem e inteligência artificial, a transação foi fechada por US$ 6,4 bilhões.
No seu balanço mais recente, relativo ao terceiro trimestre, a IBM ressaltou que sua carteira de negócios em inteligência artificial já supera a casa de US$ 9,5 bilhões. E reportou uma receita total de S$ 16,3 bilhões, alta de 9% sobre igual período, um ano antes.
Ao mesmo tempo, com o anúncio de hoje, a companhia está reforçando a onda de aquisições expressivas em tecnologia nesse ano. Em março, por exemplo, a Alphabet, holding do Google, desembolsou US$ 32 bilhões para comprar a startup israelense Wiz.
Dois meses depois, em outro caso envolvendo cifras substanciais, a Salesforce fechou um acordo para a aquisição da Informatica, empresa de software de gerenciamento de dados. A transação foi concluída por US$ 8 bilhões.
As ações da IBM registravam ligeira alta de 0,96% na Bolsa de Nova York, por volta das 10h15 (horário local). No ano, os papéis têm uma valorização de 41,4%, dando à empresa um valor de mercado de US$ 290,5 bilhões.
No mesmo horário, as ações da Confluent disparavam 28,53%, cotadas a US$ 29,74 e avaliando a empresa em US$ 10,3 bilhões. Em 2025, os papéis registram alta de 6,3%.