A Infracommerce conseguiu levantar R$ 400,8 milhões em sua subscrição privada, atingindo o valor máximo que pretendia captar para equacionar sua estrutura de capital e reduzir o seu endividamento. Participaram do aumento de capital, como âncoras, Engadin Investments (veículo que reúne as participações do Iguatemi e do family office dos Jereissati), Núcleo Capital, Megeve Capital e Compass Group.

A companhia também renegociou suas dívidas de M&As, que teriam de ser pagas neste segundo semestre de 2022, e uma parte dela foi convertida em ações nesta subscrição privada.

“Agora, vamos poder focar no crescimento e no ganho de margem com a integração dos M&As que fizemos no passado”, diz Fábio Bortolotti, diretor de internacionalização e RI da Infracommerce, ao NeoFeed.

De acordo com ele, a dívida líquida versus o Ebtida projetado para deve ficar em 2 vezes em 2022. Antes, da subscrição privada e da renegociação dos M&As, a projeção da dívida líquida versus o Ebitda variava entre quatro vezes e seis vezes.

A Infracommerce tinha que pagar R$ 295 milhões por conta de earnouts de M&As que realizou no passado. Na renegociação, uma parte desse valor (R$ 80 milhões) foi trocado por ações da companhia. Outra, de R$ 60 milhões, será paga até o fim do ano. O restante foi repactuado em parcelas futuras com prazo de dois a três anos com os fundadores das empresas adquiridas.

O próximo passo, de acordo com Bortolotti, é a renegociação da dívida bancária de R$ 450 milhões. Segundo o executivo, R$ 250 milhões vencem em dois anos e a intenção é sentar-se com os bancos e renegociar taxas e prazos. “Dá para otimizar ainda mais”, afirma o diretor de internacionalização e RI da Infracommerce.

Com a subscrição privada, Bortolotti acredita que a Infracommerce agora vira a página de sua estrutura de capital e pode se concentrar na integração dos M&As realizados pela empresa desde o IPO, quando captou R$ 870 milhões, em maio do ano passado.

Desde a abertura de capital, a Infracommerce, fundada alemão Kai Schoppen, que é também o CEO da empresa, fez quatro aquisições. A maior delas foi a da rival Synapcom, um negócio de R$ 1,2 bilhão em dinheiro e ações.

Em comentário divulgado em meados de setembro, o Bank of America (BofA) informava que a renegociação das parcelas de M&As “deve trazer alívio no curto prazo”. E acrescentava que o processo de aumento de capital, “se bem executado, poderá amenizar consideravelmente sua situação de alavancagem.”

O BofA se mantinha neutro em relação aos papéis da Infracommerce, com preço-alvo de R$ 9. Atualmente, a companhia vale R$ 1,5 bilhão na B3. Seus papéis estão cotados em R$ 5,43. Desde o início do ano, desvalorizaram-se quase 70%. Na subscrição privada, o preço da ação foi de R$ 5,01, um desconto de quase 8% sobre o preço de tela.