Consistência é a palavra de ordem para definir o resultado dos nove meses de 2025 para a companhia M. Dias Branco, líder no mercado de massas e biscoitos no Brasil. Pelo terceiro trimestre consecutivo, a dona de marcas como Piraquê, Vitarella e Adria registrou crescimento de receita sobre a mesma base do ano anterior.

No balanço de julho a setembro, a companhia reportou receita líquida de R$ 2,8 bilhões, alta de 15,8% sobre o resultado no terceiro trimestre de 2024. O crescimento é praticamente o dobro dos 7,6% de evolução obtidos no desempenho financeiro acumulado de 2025, sobre a mesma base do ano anterior, com R$ 7,7 bilhões.

O lucro líquido registrado no trimestre foi de R$ 216,1 milhões, 73,3% acima do alcançado no terceiro trimestre de 2024. O Ebitda chegou a R$ 318,1 milhões, 39% superior ao comparativo da mesma base do ano anterior.

“É o reflexo na prática das ações implementadas pela companhia durante o ano, como o foco em sell-out, plano comercial trimestral e mais ações nos pontos de venda para garantir volume", diz Fabio Cefaly, diretor de novos negócios e relações com investidores da M.Dias Branco, ao NeoFeed.

"Tudo isso está amadurecendo e está garantindo resultados melhores de forma sequencial”, complementa.

Segundo o executivo, também já é perceptível no faturamento as mudanças realizadas na área comercial, com o modelo de centralização da força de vendas em uma única equipe. Antes, havia um núcleo para Norte e Nordeste, e outro para Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O volume também cresceu. Foram 482,9 mil toneladas comercializadas no terceiro trimestre, um crescimento de 15,2% sobre o mesmo período de 2024. Nos nove meses de 2025, a M. Dias Branco vendeu 1,3 milhão de toneladas, alta de 0,8%.

O ponto de crescimento um pouco fora da curva do trimestre, bem acima do registrado nos demais períodos do ano, teve a ver com uma base de comparação ruim em relação às vendas de julho a setembro de 2024.

“No ano passado, aumentamos os preços e os concorrentes não vieram junto. Quando isso acontece, o resultado é uma redução de volume”, diz Cefaly.

Nesse terceiro trimestre, não houve aumento de preço, explicado principalmente pela queda de custo em relação aos principais insumos da indústria de massas e biscoitos. O preço do trigo acumula redução de 3% em 2025 e o dólar caiu 4%, o que reduz os gastos em matéria-prima.

O trabalho, agora, é trilhar o mesmo ritmo de crescimento no quarto trimestre, um período normalmente marcado pelo impacto negativo da sazonalidade, como férias escolares e a mudança de foco do consumidor para as compras de fim de ano.

“O espaço físico do varejo neste período fica mais ocupado com itens de Natal. Mas nosso plano é seguir neste crescimento com consciência, mesmo com os desafios de mercado neste período”, diz o executivo.

A empresa segue com uma posição sólida de caixa, bem acima da dívida da empresa. O caixa bruto reportado foi de R$ 2,5 bilhões, contra um endividamento de R$ 1,8 bilhão. Isso significa que, se toda a dívida fosse paga de uma vez, ainda sobraria R$ 721 milhões de caixa líquido.

Mesmo assim, há uma preocupação da companhia sobre o impacto da taxa Selic, mantida a 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), sobre os pedidos dos clientes.

“O nível de estoque hoje do varejo é menor do dois ou três anos. Com a Selic neste patamar, fica mais caro carregar esse estoque. Eles tentam trabalhar com um volume menor de estoque e isso acaba colocando um pouco de pressão na indústria”, afirma Cefaly.

“Ele precisa de dinheiro para comprar o estoque. E como hoje o dinheiro está mais caro, ele fica mais racional sobre o volume de compras. O resultado poderia ainda ser melhor, não fosse esse impacto dos juros.”

Para o diretor de novos negócios da M. Dias Branco, a perspectiva é de que, com a previsão de que a taxa comece a entrar em um ciclo de queda em 2026, essa pressão diminua sobre os grandes clientes da companhia.

No acumulado de 2025, as ações da M. Dias Branco na B3 acumulam valorização de 49,3%. Em 12 meses, a alta é de 12,2%. A companhia está avaliada em R$ 9,9 bilhões.