Sob os rumores de uma potencial fusão com a Gol, após as duas companhias anunciarem um acordo de codeshare em maio deste ano, a Azul divulgou seu balanço do segundo trimestre na segunda-feira, 12 de agosto. E, nesse cenário, um indicador, em especial, desagradou os analistas do BTG Pactual.

Em relatório sobre o resultado no período, o banco de investimentos rebaixou a recomendação do papel da companhia aérea, de compra para neutra, citando que a alavancagem da operação – de 4,25 vezes no trimestre – voltou a acender o alerta dos investidores.

O BTG Pactual ressaltou que o segundo trimestre tipicamente traz uma temporada mais fraca para o setor e que as suas expectativas e as do mercado já contabilizavam esse cenário. Mas pontuou que a forte depreciação do real causou “alguns danos” na estrutura da alavancagem financeira da empresa.

“Acreditamos que o mercado irá monitorar de perto a desalavancagem financeira da empresa e vemos notícias potenciais de um acordo com a Gol como o principal risco de alta para o nosso call (juntamente com um real mais forte)”, escreveram os analistas.

O time do BTG também reduziu o preço-alvo da ação, de R$ 33 para R$ 17, o que ainda representa um upside de 143% sobre a cotação atual. Eles observaram que o papel AZUL4 está sendo negociado a um múltiplo EV/Ebitda implícito de 5 vezes para 2025, acima do múltiplo médio de negociação do setor.

Em outro ponto, o banco também ressaltou que as revisões no guidance anunciados pela empresa foram negativas, apesar de já esperadas, refletindo um cenário mais desafiador. Na alavancagem, a estimativa é encerrar o ano no patamar de 4,2 vezes, contra 3 vezes na projeção anterior.

Já em relação ao Ebitda para 2024, o número foi rebaixado de R$ 6,5 bilhões para R$ 6 bilhões. Enquanto na oferta total e assentos no período, a estimativa agora é de um crescimento de 7%, ante a projeção anterior de 11%.

Nesse contexto, os analistas destacaram que as negociações de leasing são um “ponto vital” e ressaltaram as declarações da gestão da companhia de que os relacionamentos de longo prazo com fornecedores permitem buscar uma alternativa benéfica para ambas as partes.

As atualizações do BTG Pactual sobre o papel seguem o rebaixamento da ação anunciado pelo J.P. Morgan, também de compra para neutro, em julho. Na ocasião, o banco americano reduziu o preço-alvo da ação, de R$ 24,50 para R$ 19.

Em sua análise, o J.P. Morgan citou fatores como a alavancagem elevada, o menor fluxo de caixa livre e os múltiplos da empresa aérea, especialmente quando comparados aos de outras companhias do segmento, em especial, a Copa e a Latam.

Após encerrarem o pregão da segunda feira com queda de 11,95%, as ações AZUL4, da Azul, operavam com alta de 1,6% por volta das 10h45 na manhã da terça, 13, B3, aos R$ 7,11. No ano, os papéis acumula desvalorização de 55,6%. A empresa está avaliada em R$ 2,4 bilhões.