A Alares fechou a aquisição da provedora de internet de fibra ótica Ipnet Telecom, em uma transação que a torna a terceira maior operadora de serviços de internet (ISP, na sigla em inglês) do Estado de São Paulo em número de usuários, segundo a empresa.

O valor da operação não foi divulgado, mas envolve a compra da totalidade do capital da Ipnet, que atua nas regiões de Sorocaba, Salto de Pirapora, Votorantim, Araçoiaba da Serra, Alambari e Sarapuí.

Com a aquisição, a Alares incorporou 25 mil novos clientes, elevando sua base total para 826 mil assinantes e ganhando escala no interior paulista — região onde vem concentrando sua estratégia de M&A.

“Estamos ampliando ainda mais nossa presença no Estado de São Paulo, complementando a cobertura em uma área que vai do Vale do Ribeira até Jundiaí, passando por Sorocaba. Com isso, passamos a atender 232 cidades no país”, afirmou Denis Ferreira, CEO da Alares, ao NeoFeed.

Com operações em sete estados — São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Bahia — e mais de 32 mil quilômetros de fibra ótica, a Alares, fundada em 2015 e controlada desde 2021 pelo fundo americano Grain Management, tem apostado fortemente no interior paulista, de olho no potencial de crescimento e retorno.

Em 2024, a empresa realizou a maior aquisição de sua história ao comprar a Azza Telecom, com 140 mil clientes em 48 cidades paulistas, por R$ 188 milhões. A operação a levou ao quarto lugar no ranking de ISPs do estado. Antes disso, em 2023, adquiriu a Webby, fortalecendo sua presença em São Paulo e expandindo para o Paraná.

Com a Ipnet, a Alares ultrapassa a Vero e alcança 369,8 mil assinantes no Estado de São Paulo, segundo dados de setembro da Anatel. A Desktop lidera com 1,2 milhão, seguida pela Giga+, da Alloha Fibra, com 398,8 mil.

“Além de reforçar nossa cobertura geográfica no sul do estado, estamos incorporando uma empresa com boa rede e governança — aspectos fundamentais em nossas análises de M&A e que permitirão acelerar a operação”, disse Ferreira.

Por se tratar de uma aquisição de menor porte, não será necessário obter aprovação das autoridades regulatórias. A expectativa é concluir a incorporação e capturar boa parte das sinergias em até cinco meses — mesmo prazo da integração da Azza.

Segundo Ferreira, isso permitirá um crescimento mais acelerado de receita e Ebitda, padrão observado nas aquisições recentes. No terceiro trimestre, a Alares registrou receita de R$ 237,8 milhões, alta de 32,1% em relação ao ano anterior, impulsionada pela expansão da base de clientes, aumento da ARPU (receita média por usuário) e efeitos da aquisição da Azza.

O Ebitda totalizou R$ 111 milhões, alta de 33,8%, com margem recorde de 46,7% — avanço de 0,6 ponto percentual — refletindo a captura de sinergias da Azza. Já o prejuízo líquido foi de R$ 32,5 milhões, alta de 54,3%, devido a despesas financeiras relacionadas à aquisição.

O crescimento da receita e da dívida também contribui para a redução da alavancagem. A relação entre dívida líquida e Ebitda caiu para 3,1 vezes no terceiro trimestre, ante 3,5 vezes no mesmo período de 2024. Ferreira destaca que a Alares conta com apoio da Grain para suas aquisições, evitando endividamento adicional.

Além das operações, a empresa emitiu R$ 280 milhões em debêntures para manter o ritmo de investimentos sem comprometer a redução da alavancagem nem o apetite por novas aquisições.

Ferreira afirma que a Alares segue na ponta compradora, avaliando ativos tanto em suas áreas de atuação quanto em novas regiões. “Nesse caso, teria que ser uma operação maior que a da Ipnet, com escala e sinergia regional”, conclui.